Perfil empiricamente derivado de estresse do professor, burnout, autoeficácia e coping associados aos resultados dos alunos

Empiricallly derived profiles of teacher stress, burnout, self-efficacy, and coping and associated student outcomes

 

Herman, K. C., Hikmon-Rosa, J., & Reinke, W. M.  (2018). Empirically derived profiles of teacher stress, burnout, self-efficacy, and coping and associated student outcomes. Journal of Positive Behavior Interventions, 20(2), 90-100. doi: 10.1177/1098300717732066

 

Resenhado por Luana C. Silva-Santos

 

A literatura sobre a docência e fatores associados ao burnout em professores aponta que professores que experimentam altos níveis de esgotamento ou se sentem emocionalmente exaustos demonstram ensino de qualidade inferior, além de relações interpessoais deficitárias. Somado a isso, baixa percepção de autoeficácia e estratégias desadaptativas de coping tendem a influenciar seu desempenho e culminar no rendimento dos alunos também. Tais fatores parecem gerar um aumento da rotatividade de professores ainda nos primeiros cinco anos de atuação, o que torna a rede de ensino instável e prejudica toda a comunidade envolvida no âmbito escolar. Nesta temática, Herman, Hikmon-Rosa e Reinke (2018) objetivaram explorar esses construtos para determinar sua relação com os resultados dos alunos, incluindo comportamentos perturbadores e desempenho acadêmico.

Participaram 121 professores e 1817 alunos entre jardim de infância e a quarta série de nove escolas, com consentimento livre e esclarecido (dos pais, no caso dos alunos). Aproximadamente metade dos professores (42%, n = 51) participaram de um programa de desenvolvimento profissional denominado Incredible Years (IY), que consiste em seis workshops de um dia, distribuídos ao longo do ano, visando promover o gerenciamento eficaz da sala de aula. Todos os professores responderam medidas avaliativas sobre seus alunos, seus níveis de burnout, estresse e coping e autoeficácia. A análise de perfil latente foi usada para determinar os padrões de adaptação do professor em relação ao estresse, enfrentamento, eficácia e esgotamento. Esses perfis foram então vinculados aos resultados comportamentais e acadêmicos dos alunos. Quatro perfis de adaptação do professor foram identificados: três classes foram caracterizadas por altos níveis de estresse e foram distinguidas por variações no enfrentamento e burnout variando de (a) enfrentamento alto e baixo desgaste (60%), (b) enfrentamento moderado e desgaste moderado (30%), (c) baixo enfrentamento e alto desgaste (3%). A quarta classe foi distinguida por baixo estresse, alto enfrentamento e baixo desgaste, com apenas 7% da amostra se enquadrou nesta classe bem ajustada.

Nos resultados, os autores encontraram que os professores nas combinações das classes de alto estresse, alto esgotamento e baixo enfrentamento foram associados aos piores resultados dos alunos, incluindo menores comportamentos adaptativos e comportamentos perturbadores mais elevados em comparação com as outras classes em quase todas as comparações. Essas descobertas apoiam a alegação de que o estresse e o enfrentamento do professor podem ter um impacto não apenas no bem-estar do professor, mas também nos alunos em suas salas de aula.

Essas descobertas sugerem a importância de adotar uma abordagem holística para examinar o ajuste do professor e o impacto no aprendizado do aluno e no desenvolvimento socioemocional. Ainda que uma manipulação experimental para permitir uma interpretação causal não tenha sido conduzida, tal inferência seria consistente com a teoria e a literatura existente que, segundo os autores, mostra o impacto do sofrimento dos adultos no desenvolvimento e desempenho infantil. Assim, investir recursos no apoio à adaptação do professor, tanto em relação a variáveis psicológicas ao equipá-los com habilidades de enfrentamento quanto ao fornecer mais apoios estruturais, pode melhorar não apenas seu bem-estar, mas também o bem-estar e o funcionamento dos alunos em sua classe.



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