Transtorno obsessivo-compulsivo: Avanços no diagnóstico e tratamento
Hirschtritt, M. E., Bloch, M. H., & Mathews, C. A.
(2017). Obsessive-compulsive disorder: Advances in diagnosis and treatment. JAMA, 317(13), 1358–1367. https://doi.org/10.1001/jama.2017.2200.
Resenhado por Michelle Leite
O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) é
caracterizado pelo consumo de tempo, distresse, obsessões (pensamentos, imagens
ou impulsos repetitivos e indesejados) e compulsões (pensamentos e
comportamentos repetitivos), geralmente acompanhados por comportamentos de
esquiva. A idade de início do TOC costuma ser na adolescência ou início da vida
adulta, e o curso do transtorno tende a ser crônico. Indivíduos com sintomas de
TOC possuem menor qualidade de vida, uma vez que o transtorno tem estado
associado a mais anos vividos com incapacidade do que esclerose múltipla e
doença de Parkinson. Apesar disso, o TOC é pouco diagnosticado e menos de 10%
dos pacientes que chegam à atenção clínica recebem tratamento baseado em
evidências. Diante disso, o artigo objetivou realizar uma revisão acerca dos
avanços no diagnóstico e tratamento do TOC em adultos.
A pesquisa foi realizada nas bases de dados
PubMed, EMBASE e PsycINFO, utilizando os descritores: obsessive compulsive disorder, assessment, screening, diagnosis,
treatment, and management. Os critérios de inclusão foram artigos em
inglês, pesquisas apenas com adultos nos últimos cinco anos com foco em ensaios
clínicos randomizados, meta-análises, revisões sistemáticas e diretrizes de
prática clínica. Por outro lado, artigos de opinião e comentários foram
excluídos. As recomendações PRISMA foram utilizadas. Foram identificados 792
artigos, dos quais 27 foram selecionados para as análises.
Quanto aos avanços no diagnóstico, sabe-se que
o diagnóstico de TOC é baseado em avaliação clínica. Os critérios diagnósticos
do transtorno são presença de obsessões ou compulsões, angústia e
comprometimento das funções diárias. Importa salientar que devem estar
presentes obsessões ou compulsões, mas não necessariamente ambas. O TOC é
heterogêneo e os sintomas podem variar amplamente entre os pacientes, porém
costumam ser acompanhados por comportamentos de evitação. Além disso, em 2013,
houve a remoção do TOC dos transtornos de ansiedade e colocação em uma nova
categoria exclusiva no Diagnostic and
Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-V).
Essa decisão foi baseada no fato de que a ansiedade não é um componente central
no TOC. Por fim, ferramentas de
triagem podem ser muito úteis diante da suspeita do diagnóstico de TOC. Alguns
exemplos que podem ser utilizados são: Yale-Brown
Obsessive Compulsive Scale (Y-BOCS), Obsessive-Compulsive Inventory, Short Version (OCI-SV) e Florida Obsessive Compulsive Inventory.
Em relação ao tratamento, há evidências
substanciais que apoiam o uso de psicoterapias de abordagem
cognitivo-comportamental (TCC) e tratamentos farmacológicos com inibidores
seletivos de receptação de serotonina. Esses tratamentos, realizados
isoladamente ou em combinação, resultaram em um alívio dos sintomas de TOC. A
TCC é a intervenção psicológica mais eficaz e baseada em evidências para o TOC.
Ela envolve dois componentes que podem ser utilizados em conjunto: reestruturação
cognitiva e intervenções comportamentais. Na prática, a prevenção da
exposição-resposta é a abordagem mais frequentemente usada, cuja estrutura
envolve expor o paciente a estímulos que provocam as obsessões e instruí-lo a
inibir as compulsões ou comportamentos de evitação associados. Por fim, algumas
limitações para o tratamento com a TCC são a falta de disponibilidade, tempo e
motivação do paciente para se envolver na terapia.
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