O impacto da COVID-19 no diagnóstico e tratamento do Transtorno Obsessivo-Compulsivo
Fontenelle, L. F., & Miguel, E. C. (2020). The impact of coronavirus (COVID-19) in the diagnosis and treatment of obsessive-compulsive disorder. Depression and Anxiety, 37, 510-511. http://doi.org/10.1002/da.23037
Resenhado por Brenda
Fernanda
O Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) é
caracterizado por pensamentos, imagens ou impulsos (obsessões) que geram comportamentos
repetitivos, ritualísticos ou atos mentais que visam lidar com sofrimento
resultante destes comportamentos. O TOC afeta aproximadamente 3,1% da população
geral e é está associado a um relevante impacto no funcionamento social,
diminuindo a qualidade de vida. Os sintomas mais comuns de TOC, no geral, são o
medo de contaminação e compulsões de lavagem.
Diante da pandemia da COVID-19, que envolve alto risco
de contaminação e necessidade de higienização constante das mãos e de outros
objetos como medidas de proteção, os profissionais de saúde mental devem estar
atentos ao impacto que isso pode causar às pessoas com TOC. O artigo indica cinco
pontos relevantes:
1. Pode haver um aumento do número de indivíduos
afetados pelo TOC e medo da infecção por COVID-19 nos próximos meses ou anos;
2. É preciso refletir sobre o limiar de diagnóstico do
TOC, ou seja, se um comportamento de lavagem excessiva for endossado pelas
agências de saúde, devemos reconsiderar como devemos diagnosticar o TOC?
3. É importante pensar sobre o impacto da pandemia de
COVID-19 nos casos já existentes de TOC, que podem mudar seu fenótipo e o foco de
suas principais preocupações;
4. As recomendações dos especialistas em TOC sobre
como tratar o medo de contaminação (por exemplo, exposição e prevenção de
resposta) podem entrar em conflito com as orientações de agências de saúde quanto
à prevenção da COVID-19. Por exemplo, recomenda-se limpar e desinfetar
diariamente as superfícies tocadas com frequência, com água e sabão ou álcool
70%. Essas recomendações podem ter grande impacto nos pacientes com TOC;
5. Por fim, é apontada a questão de como os
profissionais de saúde mental devem ajustar seu discurso aos pacientes com medo
de contaminação durante esse período. A exposição ao medo excessivo de contrair
uma infecção enquanto evita a lavagem das mãos é o principal tratamento para o
TOC com contaminação e compulsões de lavagem. No entanto, como podemos
determinar o quanto a lavagem é suficiente durante o surto de pandemia de COVID-19?
Diante disso, é provável que uma série de situações ambíguas surjam na prática
clínica.
Alguns achados apontam a farmacoterapia como a
primeira opção para pacientes com TOC com medo de contaminação e compressões de
lavagem durante a pandemia. É importante que os profissionais de saúde estejam
atentos ao cuidado a esses pacientes, pois as consequências físicas e mentais
da pandemia ainda vão perdurar por bastante tempo. Portanto, é pertinente que
estudos continuem sendo realizados para que sejam determinadas evidências que
suportem intervenções de modo seguro e eficaz.
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