Estudo sobre a relação entre sintomas psicopatológicos e IMC na adultez e velhice

 

Dias, I., Afonso, R. M., Gonçalves, D., Lopes, T., Pereira, H., Esgalhado, G., Monteiro, S., & Loureiro, M.
(2020). Estudo sobre a relação entre sintomas psicopatológicos e IMC na adultez e velhice. Psicologia, Saúde & Doenças21(1), 198-204. 
doi.org/10.15309/20psd210129.

Resenhado por Ariana Moura


O Índice de Massa Corporal (IMC) é um indicador de risco nutricional que permite categorizar os indivíduos em função da avaliação nutricional, sendo uma forma de operacionalização fundamental para que se possam realizar estudos sobre a temática. Estima-se que mais de 1.9 bilhões de adultos tem excesso de peso e mais de 650 milhões são obesos. O excesso de peso e a obesidade são um desafio para a saúde pública uma vez que a sua prevalência está a aumentar em todo o mundo.

As consequências do excesso de peso e obesidade encontram-se solidamente fundamentadas em relação à saúde física, contudo, no que concerne à saúde mental o impacto causado não é tão claro e os resultados nem sempre são conclusivos ou consensuais. Porém, alguns estudos, que estabelecem associações entre a saúde mental e o peso corporal, sugerem que tanto a desnutrição como a obesidade estão associadas a uma pior saúde mental.

O objetivo da pesquisa foi avaliar e comparar a existência dos vários sintomas psicopatológicos avaliados pelo Inventário de Sintomas Psicopatológicos (BSI) entre as diversas fases do ciclo vital e categorias do IMC. Tratou-se de um estudo quantitativo e transversal, em que participaram 628 indivíduos, 401 mulheres e 227 homens, com uma média de idades de 39,14 (DP = 20,78). Os instrumentos utilizados para a coleta de dados foram o Inventário de Sintomas Psicopatológicos (BSI) e o cálculo do IMC.

Os resultados mostraram que a prevalência do “Excesso de Peso” é maior nas mulheres (18,6%) do que nos homens (12,1%), a prevalência da obesidade é maior entre as mulheres (6,8%; Homens = 5,7%) e na população idosa é maior nos homens (15,9%; Mulheres = 13,1%). Além disso, as médias das dimensões “Depressão” e “Ansiedade” aumentaram com o aumento do IMC.

Verificou-se, ainda, que as pessoas com “Obesidade” apresentaram resultados médios mais elevados na maioria das dimensões. No entanto, nas dimensões “Ideação Paranoide” e “Psicoticismo” as pessoas com “Excesso de Peso” registraram maior média. Ao analisar as diferenças dos resultados do BSI no início da idade adulta tendo em conta as categorias do IMC, apurou-se que as pessoas com “Obesidade”, apresentaram médias mais elevadas na Somatização.

Desse modo, os achados enfatizam a importância do IMC na compreensão da psicopatologia e a necessidade de se considerarem as questões nutricionais tanto na avaliação como na intervenção psicológica nos sintomas psicopatológicos na adultez e velhice. No contexto da Psicologia da Saúde e para os profissionais que trabalham com pacientes que apresentam transtornos alimentares, este estudo permite refletir acerca da importância do IMC na avaliação, compreensão e promoção da saúde mental ao longo do ciclo vital. Os dados apresentados contribuem para a construção de projetos de intervenção levando em conta os aspectos multidisciplinares da obesidade.



 

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