Determinantes da qualidade de vida relacionada à saúde entre mães de crianças com paralisia cerebral
Lee, M. H., Matthews, A.
K., & Park, C. (2019). Determinants of health-related quality of life among
mothers of children with cerebral palsy. Journal
of Pediatric Nursing,
44, 1-8. https://doi.org/10.1016/j.pedn.2018.10.001
Resenhado por
Daiane Nunes
A paralisia cerebral (PC) é definida
como um grupo de alterações permanentes do desenvolvimento do movimento e da
postura resultantes de distúrbios não progressivos que ocorrem no cérebro fetal
ou infantil em desenvolvimento. A PC abrange um quadro clínico heterogêneo, envolvendo
alterações sensoriais, perceptivas, cognitivas e motoras em diferentes níveis
de severidade e comprometimento. Crianças com PC necessitam de suporte
substancial e, geralmente, a mãe assume o ônus primário de cuidados, muitas
vezes com pouco ou nenhum apoio social. Fornecer os cuidados intensivos
necessários às crianças com limitações funcionais de longo prazo pode impactar
a saúde e a qualidade de vida dessas mães. Cuidar de uma criança com PC tem
efeitos potencialmente adversos na qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS),
que consiste em múltiplas dimensões do estado de saúde e bem-estar. Desse modo,
o estudo investigou a QVRS e fatores associados de mães de crianças com PC na
Coréia.
A amostra foi constituída por 180
cuidadoras primárias de crianças com PC. Foram avaliadas características da
criança como gravidade da PC, grau de incapacidade das lesões cerebrais, o
nível de independência das crianças e o número de distúrbios acompanhantes (problemas
de audição, visão, distúrbios da fala, convulsões/epilepsia e deficiência
intelectual). Avaliou-se características maternas como a presença de doenças
crônicas, estresse parental, atividade e participação. Os fatores ambientais
medidos incluíram o número de filhos, restrições de tempo, cuidados de
assistente pessoal e apoio social. A QVRS foi medida usando a versão coreana do
Short Form-12 versão 2 (SF-12 v2).
Os resultados demonstraram que a
pontuação média da QVRS mental foi menor do que a pontuação média da QVRS
física. As mães com menos condições crônicas e mães de crianças com maior tempo
de incapacidade apresentaram maior QVRS física. Além disso, viu-se que menor
nível de estresse parental, mais tempo de lazer, envolvimento em comportamentos
de promoção da saúde e maior apoio social estiveram associados à maior QVRS
mental.
Os achados do estudo têm implicações
práticas para profissionais de saúde, pesquisadores e formuladores de
políticas. Reforça-se a necessidade de dar maior atenção ao desenvolvimento de
intervenções para promover a saúde e a qualidade de vida dos cuidadores de
crianças com PC. Intervenções que reflitam o contexto de vida dos cuidadores,
como programas domiciliares que acomodam sua falta de tempo, devem ser
desenvolvidas e avaliadas. O presente estudo tem relevância para a psicologia
da saúde pois contribui para a construção de intervenções
que visem a prevenção e redução de problemas de saúde, promovendo melhorias
para a QVRS e da qualidade do papel de cuidador, bem como na redução de custos
de saúde.
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