Saúde menstrual: uma definição para política, prática e pesquisa

 

Resenhado por Maísa Carvalho

 

Hennegan, J., Winkler, I. T., Bobel, C., Keiser, D., Hampton, J., Larsson, G., ... & Mahon, T. (2021). Menstrual health: A definition for policy, practice, and research. Sexual and Reproductive Health Matters29, 31-38. https://doi.org/10.1080/26410397.2021.1911618

 

Define-se a saúde menstrual como um estado de bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças associadas ao ciclo menstrual. Apesar de existirem várias terminologias, estudiosos sobre o tema buscaram alinhar uma definição que coadunasse com o conceito de saúde proposto pela Organização Mundial da Saúde, que entende a saúde como um estado de bem-estar social, mental e físico. O objetivo da publicação, portanto, foi de comentar pontos associados à saúde menstrual.

 

Informação, materiais, facilitadores e serviços

É importante que mulheres, garotas e outras pessoas que experienciam o ciclo menstrual obtenham informações corretas a respeito do âmbito biológico, no que diz respeito a reprodução e a fertilidade associada ao ciclo, e também sobre o conhecimento prático acerca da higiene, nutrição e autocuidado. Entende-se que informações acuradas desmistificam tabus e quebram estigmas sobre o ciclo menstrual. Dessa forma, a oferta desse conhecimento pode prover bem-estar físico e mental, assim como o entendimento de mudanças normais e anormais associadas a este período. Além disso, para alcançar a saúde menstrual, indivíduos devem estar aptos a selecionarem materiais e práticas que prefiram e que promovam o autocuidado, protegendo-os de riscos emocionais, físicos e sociais. Essas práticas devem objetivar, preferencialmente, uma boa higiene como forma de minimizar danos e infecções. Higiene envolve lavar as mãos adequadamente, transporte adequado de materiais e esterilização de objetos.

 

Diagnósticos, cuidado e tratamento para desconfortos e transtornos

Existem muitas dificuldades associadas ao período menstrual que impactam na qualidade de vida. Nelas, incluem-se dor e desconforto físico, alterações emocionais e sangramento uterino anormal. O acesso à informação para identificar sinais e problemáticas que são anormais para o corpo e para o período são relevantes em termos de cuidado e tratamento. Assim, mulheres e pessoas que vivenciam o ciclo menstrual podem possuir autonomia para buscar ajuda. Os tratamentos para desconfortos e transtornos englobam, sobretudo, cuidados médicos, psicológicos, aconselhamentos e prática de exercícios físicos.

 

Ambiente positivo e respeitoso e liberdade para participar de todas as esferas vitais

Normas danosas e estigmas sobre o ciclo menstrual minam o bem-estar geral. Um ambiente positivo e respeitoso, em todos os níveis, incluindo o interpessoal e comunitário, é importante para que as pessoas alcancem e mantenham a saúde menstrual. A comunidade, instituições educacionais, governo e família devem servir como suporte para apoiar o bem-estar e emponderar indivíduos que possuam o ciclo. No que se refere ao bem-estar social, devem ser livres para participar nas esferas sociais, econômicas, culturais, dentre outras, bem como reconhecer suas próprias restrições em meio ao ciclo menstrual. A persistente falta de poder de decisão e falta de empatia, assédio e exclusão por parte de outrem impactam a saúde e a segurança desses indivíduos.

 

Sendo um tema em ascensão, pesquisas e produção de materiais pela Psicologia da Saúde que abordem sobre dados epidemiológicos, diagnósticos, preconceitos, estigma e intervenções para a promoção de autocuidado são importantes para promover os aspectos englobados no conceito de saúde menstrual.

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