Menopausa e Distúrbios do Sono

 

Tandon, V. R., Sharma, S., Mahajan, A., Mahajan, A., & Tandon, A. (2022). Menopause and sleep disorders. Journal of Mid-life Health, 13(1), 26. https://doi.org/10.4103/jmh.jmh_18_22

Resenhado por Lucas Souza

 

A mudança hormonal intensa sofrida pelas mulheres no avançar da idade, em especial, no período climatérico e pós-menopausa, está associada ao maior risco de desenvolver diversos distúrbios no sono. No período anterior à menopausa, a incidência de distúrbios do sono varia de 16 a 47% e após a menopausa vai para 35 a 60%. Esses distúrbios podem ser baixa qualidade do sono, privação do sono, insônia, alterações do sono relacionadas a quadros ansiosos-depressivos ou quadros como apneia obstrutiva do sono e síndrome das pernas inquietas. A queixa de dificuldade para dormir está presente em cerca de 38,0% das mulheres idosas e é maior no período de perimenopausa tardia (45,4%), momento em que há maior variação das taxas hormonais. No período climatérico, os sintomas vasomotores (fogachos) são uma das causas das alterações no sono.

O período após menopausa está relacionado com diversas alterações no padrão de sono. Pode ocorrer aumento na latência do sono (tempo necessário para adormecer), diminuição da quantidade total de sono, presença de despertares noturnos, despertar precoce e redução da eficiência do sono. Essas alterações podem ter diversas causas, algumas relacionadas ao processo de envelhecimento e outras relacionadas a queda dos hormônios sexuais. A secreção de menor quantidade de melatonina que ocorre naturalmente com o decorrer da idade é mais intenso em mulheres em menopausa e configura um fator importante para alteração de diversos aspectos do sono. A progesterona estimula os receptores GABA, ajudando na indução do sono e apresentando papel ansiolítico. O estrogênio tem um papel no processo de metabolismo da serotonina, norepinefrina e acetilcolina, podendo influenciar em aspectos do ritmo circadiano, a presença de sintomas vasomotores e exercer papel antidepressivo. O surgimento de sintomas depressivos e/ou ansiosos no período perimenopausa é um dos fatores que podem implicar no surgimento de alterações do sono.

Justamente pelo seu aspecto multicausal, o manejo das alterações do sono deve ter diversos enfoques. A utilização de medicações voltadas à insônia pode ser útil, mas não deve substituir medicas não farmacológicas como a higiene do sono e realização de exercícios físicos. O tratamento de condições comórbidas como obesidade e transtornos psicopatológicos também é fundamental. A terapia de reposição hormonal ainda carece de evidências para ser recomendada especificamente ao tratamento de alterações do sono.

Esse estudo contribui com a psicologia da saúde ao tentar compreender melhor os aspectos biológicos relacionados às alterações do sono em mulheres em menopausa. Os profissionais em saúde mental devem estar atentos a alterações no sono nesse público, pois sintomas relacionados ao sono são responsáveis por redução na qualidade de vida, bem-estar e alterações no humor. Por fim, é importante destacar que aspectos não farmacológicos como a higiene do sono são fundamentais para o manejo dessas condições. 

 

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