Traços de personalidade e condições psiquiátricas comuns em pacientes adultos com acne vulgar

 Gül, A. I., & Çölgeçen, E. (2015). Personality traits and common psychiatric conditions in adult patients with acne vulgaris. Annals of Dermatology, 27, 48-52. http://doi.org/10.5021/ad.2015.27.1.48

 

Resenhado por Brenda Fernanda

 

A acne vulgar é uma das condições de pele mais comuns, afetando especialmente adolescentes. Entretanto, ocorre também na população adulta, com prevalência variando entre 30 a 85% em adolescentes e jovens adultos. A acne é desencadeada pela inflamação dos folículos pilossebáceos, podendo estar presente na face e tronco. É considerada uma condição crônica e pode ocasionar impacto na saúde mental, desencadeando também transtornos psicológicos. Destaca-se que a média de idade entre os pacientes acometidos aumentou nos últimos tempos, saindo de 20,5 para 26,5 anos. A severidade da acne tem sido associada a transtornos ansiosos e depressivos e até ao risco aumentado de suicídio. Assim, o objetivo do presente artigo foi investigar a incidência de condições psiquiátricas e características de personalidade em pessoas com acne.

Participaram do estudo 40 pessoas (36 mulheres e quatro homens) diagnosticados com acne adulta. A idade média foi de 28,87 anos (DP = 4,73). O grupo controle foi constituído por 40 pessoas saudáveis (23 mulheres e 17 homens), com idade média de 31,87 anos (DP = 8,01). Os instrumentos utilizados foram: questionário sociodemográfico, Symptom Checklist 90-Revised e a Escala de Personalidade de Eysenck revisada, em sua forma curta. Realizaram-se os testes U de Mann-Whitney e correlação de Spearman entre os dados supracitados.

Os escores tanto da escala de sintomatologia psicopatológica quanto da escala de personalidade tiveram maiores índices para o grupo clínico, a saber: somatização (clínico: M = 1,32; DP = 0,43; controle: M = 0,47; DP = 0,48), depressão (clínico: M = 1,59; DP = 0,49; controle: M = 0,37; DP = 0,53), ansiedade (clínico: M = 1,35; DP = 0,44; controle: M = 0,34; DP = 0,40) e neuroticismo (clínico: M = 3,67; DP = 1,59; controle: M = 2,12; DP = 1,28). Observou-se uma correlação positiva moderada entre os sintomas psicopatológicos e o traço de neuroticismo em ambos os grupos.

Observou-se que os sintomas psicopatológicos foram significantemente mais elevados nos indivíduos com acne, demonstrando que condições psiquiátricas podem ser encontradas mais comumente em pessoas acometidas com alguma condição de pele. Tais achados evidenciam a relação entre a vivência de uma dermatose de pele e o sofrimento mental, sendo fundamental que o tratamento psicológico seja incluído na terapêutica, visando a uma melhor qualidade de vida. Ademais, o traço de personalidade “neurótico” foi mais evidente em pessoas com acne, o que fornece embasamento para que sejam desenvolvidas intervenções psicológicas visando ao manejo desses traços, pensando em uma melhora tanto na pele quanto nos sintomas psicopatológicos. Assim sendo, destaca-se a relevância destes achados para a psicologia da saúde, que tem como um de seus papéis o manejo de aspectos psicológicos que se relacionam a condições físicas.

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