Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT)
Watkins, L. E., Sprang, K.
R., & Rothbaum, B. O. (2018). Treating PTSD: A review of evidence-based psychotherapy
interventions. Frontiers in Behavioral Neuroscience, 12(258),
1–9. https://doi.org/10.3389/fnbeh.2018.00258
Resenhado por Matheus Macena
O Transtorno de
Estresse Pós-Traumático (TEPT) é um distúrbio de saúde mental crônico e
debilitante que pode ser desenvolvido após um evento traumático, como uma
experiência em combate militar, desastre natural, violência sexual ou a perda
inesperada de uma pessoa próxima. A dificuldade de recuperação após testemunhar
ou vivenciar um evento traumático é uma característica do TEPT. A quinta edição
do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) conceitua um
evento traumático como a exposição ao perigo ou ameaça de morte, lesões sérias,
violação sexual, experiências diretas com eventos traumáticos, tomar
conhecimento de eventos traumáticos vivenciados por amigos ou familiares
próximos ou a exposição repetida a detalhes aversivos de eventos traumáticos.
O conjunto de sintomas que compõem o critério
diagnóstico para o TEPT se divide em quatro núcleos temáticos, são eles:
intrusão (compreende cinco sintomas, um ou mais é necessário para o
diagnostico), evitação (compreende dois sintomas, um ou mais é necessário para
o diagnostico), alteração negativa no humor em associação com o evento
traumático (sete sintomas, dois ou mais são necessários para o diagnostico) e
alterações acentuadas na estimulação e reatividade associada com eventos
traumáticos (seis sintomas, dois ou mais são necessários para o diagnostico).
Os sintomas da categoria intrusão remetem a experiencias
aversivas e involuntárias como memorias recorrentes, involuntárias, intrusivas
e/ou perturbadoras. Na categoria evitação estão enquadrados tanto a evitação de
pensamentos, sentimentos ou memórias do evento traumático quanto atividades,
locais, conversas ou pessoas que desencadeiem memorias do evento. As alterações
negativas do humor englobam sintomas como perda de memorias do evento,
convicções ou expectativas negativas, estado emocional negativo persistente,
incapacidade de experiências emoções positivas, entre outros. Por fim, sintomas
de reatividade e excitação alteradas são materializados como dificuldade para
dormir, irritabilidade exacerbada, problemas de concentração e hiper vigilância.
Esses sintomas, para o processo de diagnóstico diferencial, devem estar presentes
por mais de um mês, causar sofrimento ou debilitação clinicamente
significativos, não estarem associados ao uso de substâncias ou a outra
condição de saúde, segundo o DSM-5.
O artigo traz apontamentos da Associação Americana de
Psicologia (APA) e de órgãos governamentais quanto as diretrizes para tratar
indivíduos com TEPT. Essas instituições trazem recomendações para o uso da
Exposição Prolongada (PE), Terapia de Processamento Cognitivo (CPT) e a CPT
focada em trauma como “tratamentos de primeira linha”, devido à base de
evidências atestando suas efetividades, levando em conta preferencias e valores
dos pacientes, além de expertise clínica. Esses tratamentos são focados no
trauma e agem diretamente sobre as memórias ou os pensamentos e sentimentos
relacionados ao evento traumático.
Embora as intervenções voltadas ao trauma sejam eficazes
para o tratamento do TEPT, são necessários mais estudos sobre tratamentos
específicos para as pessoas que sofrem dessa condição. Evidências de alta
qualidade são necessárias antes que conclusões definitivas possam ser feitas,
sendo necessários estudos, por exemplo, da Psicologia da Saúde nessa temática.
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