Revisão Integrativa sobre a vivência de mães de crianças com Transtorno do Espectro Autista
Constantinidis,
T. C., & Pinto, A. S. (2020). Revisão integrativa sobre a vivência de mães
de crianças com transtorno de espectro autista. Revista Psicologia e Saúde. https://doi.org/10.20435/pssa.v0i0.799
Resenhado por Luíza Ramos
O
Transtorno do Espectro Autista é caracterizado por déficits persistentes na
comunicação e interação social e padrões restritivos e repetitivos de
comportamento. Diante do diagnóstico, o membro da família mais implicado neste
processo costuma ser a mãe, assumindo o papel de cuidadora. A rotina de
cuidados, adaptações e mudanças gera nas mães cansaço físico e desgaste emocional,
uma vez que pode gerar perdas na vida social, afetiva e profissional dessas
mulheres. O objetivo deste estudo foi caracterizar as pesquisas realizadas no
Brasil que contemplem a identificação da sobrecarga de mães de crianças com
TEA, assim como as formas encontradas para lidar com as dificuldades cotidianas
decorrentes dessa problemática.
Foi realizada uma
revisão integrativa através das bases de dados SciELO, LILACS e Portal de
Periódicos Capes. Os termos utilizados foram: mães, autismo, cotidiano, encargos/sobrecarga,
necessidades/demandas, atenção e cuidado/tratamento, saúde mental, qualidade de
vida, estresse, transtorno autístico, maternidade. Inicialmente, foram
encontrados 51 artigos potencialmente relevantes nas três bases de dados. Após
a seleção considerando os critérios de inclusão e exclusão, resultaram oito
artigos para o banco final. Os estudos apresentaram metodologias variadas, mas predominantemente
de cunho qualitativo, com entrevistas às mães de crianças com TEA.
Os resultados apontam
que as mães das crianças com TEA enfrentam uma realidade permeada por
sofrimento, confusão, frustrações e medo, pois se deparam com a perda do filho
idealizado e com as dificuldades de lidar com o diagnóstico. Por isso,
sentimentos de culpa, tristeza e negação são comuns. Estudos apontam que são as
mães que mais sofrem ajustes de planos e expectativas em sua vida pessoal e
apresentam maior incidência de estresse e depressão. O tratamento de rotina
para as crianças, muitas vezes, leva as mães a negligenciar seu próprio
cuidado, prejudicando o seu bem-estar. Além disso, elas podem se afastar de
atividades e lazer e convívio social por causa do preconceito e dos
comportamentos agressivos do filho. As dificuldades enfrentadas por essas mães
se devem, sobretudo, à insegurança em lidar com as demandas do filho de forma
satisfatória, à dificuldade de aceitação do diagnóstico, à falta de apoio
social e conjugal percebida e à possível restrita rede de saúde.
Em suma, a pesquisa
mostra-se relevante para a Psicologia da Saúde, visto que obtém resultados
capazes de auxiliar essa população na prevenção de adoecimento, a partir do
conhecimento das vulnerabilidades específicas e possibilidade de elaboração de
intervenções eficazes.
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