Angústia Psicológica em uma Amostra de Professores
Psychological Distress in a Sample of
Teachers
Schonfeld, I. S.(1990). Psychological Distress in a Sample of
Teachers. The
Journal of Psychology, 124(3), 321–338. doi: 10.1080/00223980.1990.10543227
Resenhado por
Giulia Oliveira
Estudos
acerca do estresse ocupacional na área do ensino possuem fraquezas que
dificultam a interpretação dos resultados encontrados. Nesses estudos
frequentemente é feita uma confusão operacional entre os potenciais estressores
do trabalho e a angústia que supostamente produzem, sendo raras vezes medidos
separadamente. Além disso, muitos questionários usados
para medir estresse são instrumentos de burnout,
ou seja, são falhos para identificar causadores de angústia emocional e
problemas de saúde mental em professores.
Neste estudo, objetivava-se
averiguar se a amostra de professores selecionada possuiria scores tão altos
quantos os obtidos em outras áreas geográficas utilizando a escala Escala de
Depressão do Centro de Estudos Epidemiológicos (CES-D). Tal instrumento bem
validado mede sintomas depressivos, investiga a relação entre sintomas
psicológicos e moral relacionada ao trabalho e estressores ligados ao ambiente
escolar, bem como sua relação com o suporte de colegas. Foi obtida uma amostra
de 67 professores da cidade de Nova York, aos quais foi aplicado um
questionário dividido em quatro seções: demográfico, saúde/moral, estressor e
suporte dos colegas.
Os resultados obtidos mostram que o
score médio dos professores para sintomas depressivos foi significativamente
maior que o de outras amostras. Em levantamentos comunitários anteriores entre
5 e 19% da amostra teve scores de 16 ou mais pontos nessa escala, para os
professores essa porcentagem foi de 32%. Em relação a satisfação profissional
os professores tiveram valor médio próximo ao meio da escala (a alternativa
“nem satisfeito, nem insatisfeito” com o atual trabalho do respondente). Além
disso 40,2% da amostra expressou insatisfação ou indiferença com seus trabalhos
e apenas 13,4% relatou estar “muito satisfeito”. Enquanto isso, o apoio de
colegas está relacionado a menores níveis de sintomas psicofisiológicos e
maiores níveis de satisfação profissional.
No que tange à área da Psicologia da
Saúde, revela-se urgente conduzir mais pesquisas que busquem localizar os
principais causadores de estresse e angústia nos educadores, bem como
desenvolver estratégias que objetivem diminuir os altos níveis desses sintomas
nesse grupo de acordo com seu ambiente de trabalho, por fim evitando maiores
problemas de saúde mental. É necessário investir na criação de novos
instrumentos bem validados que consigam medir com precisão os níveis de
angústia e problemas de saúde mental em amostras de professores, para que assim
os estudos possuam maior validade científica.
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