Fatores associados à presença de ideação suicida entre universitários
Santos, H. G. B.,
Marcon, S. R., Espinosa, M. M., Baptista, M. N., & de Paulo, P. M. C.
(2017). Fatores associados à presença de ideação suicida entre
universitários. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 25,
e2878. doi: 10.1590/1518-8345.1592.2878
Resenhado por Maísa
Carvalho
Para muitos universitários, o ingresso na
academia costuma ser repleto de novos desafios, tais como a mudança de cidade,
prazos e responsabilidades acadêmicas, pressão para a formação, dentre outros.
Quando essas dificuldades de adaptação vêm associadas a pobres estratégias de
enfrentamento, desenvolvimento de transtornos mentais comuns, comportamentos
autolesivos ou uso de drogas, maiores são as chances de desenvolverem o
comportamento suicida – ideação, tentativas ou consumação do ato. Frente ao
exposto, o presente estudo buscou avaliar os fatores associados à presença de
ideação suicida em estudantes universitários.
A amostra foi composta por 637 discentes,
sendo 53,2% (n = 339) do sexo feminino e 69,8% (n = 445) tendo idades
entre 18 e 24 anos. O único critério de inclusão estabelecido pelos
pesquisadores era de que os participantes deveriam ter idade acima de 18 anos. Para
obtenção dos dados foram utilizados um questionário sociodemográfico, o ASSIST
(Alcohol, Smoking and Substance Involvement Screening Test) e um
Inventário de Depressão Maior, construído com base no DSM-IV e CID-10. Neste
último, o ponto de corte igual ou maior que 16 pontos indica a presença de
sintomatologia depressiva. A análise de dados foi feita
pelo software SPSS, versão 17, através de análises descritivas, de
frequência e inferenciais a partir dos testes Qui-Quadrado e Regressão de
Poisson.
Os resultados evidenciaram que 9,9% (n
= 63) dos universitários idealizaram o suicídio nos últimos 30 dias. Além
disso, os discentes apresentaram risco alto/moderado para o uso de álcool e foi
encontrada sintomatologia depressiva significativa em 41,9% (n = 267)
dos discentes. O estudo também encontrou associação entre ideação suicida e fatores
como possuir baixa condição socioeconômica (classes C e D), orientação sexual
(homossexual e bissexual), não possuir prática religiosa, tentativas de
suicídio na família e amigos, uso de álcool e outras drogas e exibir sintomatologia
depressiva.
O suicídio em universitários vem
crescendo expressivamente, sendo considerado, portanto, um problema de saúde
pública - ainda maior quando se considera o fato de ser uma população jovem. Dessa
forma, investigações em Psicologia da Saúde são importantes a fim de obter mais
dados relacionados aos fatores psicossociais que possam explicar o aumento de
casos de ideação, tentativas e suicídio consumado em estudantes universitários.
Isso contribuirá para que sejam desenvolvidas estratégias de enfrentamento nas instituições
de ensino e, ainda, na sociedade como um todo, a fim de que se alcance a futura
redução no número de casos.
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