Prevalência e fatores relacionados a transtornos mentais comuns entre professores universitários de uma Universidade Federal brasileira


Resenhado por Gabriela de Queiroz

Neme, G. G. S., & Limongi, J. E. (2019). Prevalência e fatores relacionados a transtornos mentais comuns entre professores universitários de uma Universidade Federal brasileira. Revista Brasileira de Geografia Médica e da Saúde, 15(31): 112-120. doi: 10.14393/Hygeia153249863

Nas instituições públicas de ensino superior, as relações de trabalho, em especial relacionadas ao trabalho do docente, faz uso de critérios exclusivamente quantitativos para avaliar sua produtividade. Este é um contexto que favorece o desgaste profissional do ponto de vista biopsíquico, promovendo uma mudança no perfil das doenças relacionadas ao trabalho, que tradicionalmente eram classificadas como riscos à saúde de ordem química, física, biológica ou ergonômica, mas na atualidade destacam-se doenças como hipertensão arterial, doenças coronarianas e osteomusculares, câncer e transtornos mentais.
Diante do atual contexto de adoecimento entre os docentes, o estudo objetivou descrever as características sociodemográficas, condições e organização do trabalho, carreira docente, hábitos de vida e antecedentes patológicos dos professores de uma Universidade Federal (UF) brasileira, além de verificar a prevalência de Transtornos Mentais Comuns (TMCs) e sua relação com as variáveis estudadas.
Para tanto, foi realizado um estudo transversal entre os docentes de uma UF brasileira, entre os meses de julho de 2016 a maio de 2017. Na coleta de dados foram aplicados um questionário estruturado autoaplicável composto por dados sociodemográficos, antropométricos, antecedentes patológicos, hábitos pessoais, carreira de docência e condições de trabalho. Além disso, foi aplicado um instrumento padronizado e validado no Brasil, o Questionário de Saúde Geral de Goldberg (GHQ-28).
Foram entrevistados 351 docentes, predominantemente do sexo masculino (57,8%), cujas idades variavam entre 26 e 71 anos. Quanto à carreira acadêmica, verificou-se tempo médio de docência de 15,7 ± 10,95 e 11,1 ± 10,88 anos de docência exercidos na universidade onde a pesquisa foi conduzida. Do total de docentes que participaram da pesquisa, 36,6% exerciam algum tipo de coordenação (de curso, graduação, pesquisa, extensão, laboratório) e 10,2% possuía bolsa de produtividade. Dentre os 351 participantes, verificou-se que a prevalência de Transtornos Mentais Comuns foi de 29,6%, sendo assim detectados os principais fatores de risco: ritmo acelerado de trabalho e relacionamento ruim com os colegas de trabalho. Também se verificou que a prática de exercícios físicos é um importante fator de proteção aos TMCs em professores universitários.
            Com base nos achados desta pesquisa, é possível reafirmar a importância da adoção de práticas para promoção da saúde, através de campanhas sobre autocuidado, inclusive de cunho psicológico. Considerando que a psicologia da saúde é a responsável por entender como comportamentos individuais e estilo de vida afetam a saúde física. Desta forma, a psicologia contribui na manutenção da saúde, prevenção e tratamento de doenças, a partir da identificação dos fatores de risco e proteção  da saúde, em seus diversos contextos. Além disto, a partir dos resultados encontrados, o estudo sugere a prática de atividade física, bem como a busca do equilíbrio no trabalho, com manutenção de boas relações entre profissionais, como estratégias promotoras de saúde para professores universitários

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