Predictors of suicidal ideation and attempts among LGBTQ adolescents: The roles of help-seeking beliefs, peer victimization, depressive symptoms, and drug use


Hatchel, T., Ingram, K. M., Mintz, S., Hartley, C., Valido, A., Espelage, D. L., & Wyman, P. (2019). Predictors of suicidal ideation and attempts among LGBTQ adolescents: The roles of help-seeking beliefs, peer victimization, depressive symptoms, and drug use. Journal of Child and Family Studies, 1-13. doi:10.1007/s10826-019-01339-2

Resenhado por Luiz Guilherme L. Silva.

            O suicídio é uma das principais preocupações da saúde pública e esta investigação foca uma das populações mais vulneráveis a esse fenômeno: os adolescentes. Na adolescência, a taxa de suicídio é considerada elevada em relação às outras fases do desenvolvimento humano. De modo específico, a ideação e tentativa de suicídio tendem a crescer mais em adolescentes LGBTQ em comparação aos demais que não fazem parte dessa minoria.
            A maior tendência ao suicídio nos jovens LGBTQ se deve ao fato de que eles experienciam estressores intrinsecamente ligados à sua orientação sexual e/ou identidade de gênero como, por exemplo, o estigma, o preconceito e a discriminação. Segundo a teoria do estresse de minoria (Meyer, 2003), os indivíduos pertencentes a grupos minoritários têm maior propensão de desenvolver transtornos mentais e utilizar estratégias de coping não adaptativas como, por exemplo, o uso e abuso de drogas e comportamentos parassuicidas devido às situações estressoras vivenciadas por essa população. Com base no que foi exposto, o objetivo deste estudo foi predizer ideações e tentativas de suicídio em adolescentes LGBTQ com base nas crenças de busca de ajuda, vitimização, sintomas depressivos e tendência ao uso de drogas.
            A pesquisa teve delineamento transversal e participaram 4867 estudantes de 12 a 18 anos (M = 15,0), sendo que 713 se consideravam LGBTQ e os demais participantes se enquadraram como não LGBTQ (n = 4154). Foram aplicadas a Help-seeking from adults at school scale, cujos itens buscam mensurar a intenção de buscar e receber ajuda, assim como a percepção da busca por ajuda. A ideação suicida foi avaliada a partir do questionamento de se o participante havia considerado suicídio nos últimos seis meses. Para aqueles que responderam positivamente a essa questão, perguntou-se quantas vezes houve tentativa de suicídio. A vitimização por pares foi mensurada pela University of Illinois Victimization Scale (UIVS), ao passo que a tendência ao uso de drogas nos próximos 6 meses foi medida com base em um questionário de 4 perguntas. Os sintomas depressivos foram aferidos com o Short Mood and Feelings Questionnaire (SMFQ).
            Na amostra de estudantes LGBTQ, 42% demonstraram ter ideações suicidas nos últimos 6 meses e 29% tentaram suicídio no mesmo período. Dentre os jovens não LGBTQ, 14% apresentaram ideações suicidas e 9% tentaram suicídio. A pesquisa mostrou que os jovens LGBTQ foram 12 vezes mais propensos a ter ideação suicida se eles tiverem sintomas depressivos. Houve correlação positiva entre o uso de drogas nos próximos 6 meses, a vitimização por pares e comportamentos suicidas, sendo que os adolescentes LGBTQ foram 1,7 vezes mais propensos a comportamentos suicidas se mostraram tendência ao uso de drogas no futuro e há uma tendência de 1,3 vezes se sofreram vitimização por pares. Entretanto, não houve relação significativa entre as crenças de busca de ajuda, sintomas depressivos e tentativa de suicídio.
            A ideação e tentativa de suicídio em adolescentes LGBTQ merecem atenção por parte da Psicologia da Saúde, visto que existem especificidades quanto ao engajamento em comportamentos suicidas devido aos estressores que estão presentes na vivência cotidiana dessa minoria. Portanto, recomenda-se novas pesquisas referentes ao tema exposto, para que o suicídio em jovens LGBTQ possa ser mais bem compreendido a fim de que melhores intervenções possam ser feitas para melhorar a qualidade de vida dessa população.

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