Um em cada três calouros da faculdade sofre com algum distúrbio mental
A universidade se mostra um ambiente propício
para o desenvolvimento de transtornos mentais em universitários. As cobranças
da vida acadêmica, como uma rotina intensa de estudos, a exigência de um bom
desempenho acadêmico e um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, fazem
a depressão e a ansiedade se destacarem como os problemas mais comuns em
estudantes. Diante desse cenário, a Psicologia da Saúde tem um papel
fundamental na promoção do cuidado da saúde mental dessa população, como por
exemplo, no encaminhamento de universitários para atendimento psicológico e na
elaboração de intervenções de manejo da ansiedade que visem diminuir o sofrimento
mental desses estudantes.
Um novo
estudo da Associação Americana de Psicologia apontou que mais de um terço dos
universitários do primeiro ano sofrem com distúrbios psicológicos. A depressão
e o transtorno de ansiedade são
os problemas mais comuns.
"Essa
descoberta representa uma questão de saúde mental global", afirmou Randy
P. Auerbach, professor da Universidade de Columbia, nos Estados
Unidos. "O número de estudantes que precisam de tratamento excede os
recursos da maioria dos centros de aconselhamento. Considerando que os
universitários são uma população-chave para determinar o sucesso econômico de um
país, as faculdades devem ter urgência em abordar essa questão."
Para
chegar ao resultado, Auerbach e sua equipe analisaram dados da Iniciativa
de Estudantes Universitários Mundiais de Saúde Mental da Organização Mundial da
Saúde (OMS). No projeto, quase 14 mil estudantes de 19 universidades em oito
países – Austrália, Bélgica, Alemanha, México, Irlanda do Norte, África do Sul,
Espanha e Estados Unidos – responderam questionários para avaliar
transtornos mentais como depressão, transtorno de ansiedade e síndrome do
pânico.
Os pesquisadores descobriram que 35% dos entrevistados relataram sintomas consistentes com pelo menos um distúrbio mental. A depressão foi o mais comum, seguido pelo transtorno de ansiedade generalizada. A análise foi publicada no periódico Journal of Abnormal Psychology.
Os pesquisadores descobriram que 35% dos entrevistados relataram sintomas consistentes com pelo menos um distúrbio mental. A depressão foi o mais comum, seguido pelo transtorno de ansiedade generalizada. A análise foi publicada no periódico Journal of Abnormal Psychology.
Estudos anteriores sugerem que de 15% a 20% dos estudantes procuram serviços em centros de aconselhamento, que podem já estar sobrecarregados, segundo Auerbach. Se os alunos precisarem de ajuda fora do ambiente escolar ou de psicólogos locais, o professor sugere que eles procurem recursos na internet, como terapias online.
"Os sistemas universitários que trabalham com centros de capacitação e aconselhamento tendem a ser cíclicos, com os alunos aumentando o uso do serviço em meados do semestre, o que muitas vezes cria um gargalo", falou Auerbach. "Ferramentas clínicas da internet podem ser úteis para fornecer tratamento a estudantes que não procuram serviços no campus ou que estão esperando para serem vistos."
Pesquisas futuras precisam identificar quais intervenções funcionam melhor para cada tipo de distúrbio. Por exemplo: certos tipos de depressão ou ansiedade podem ser tratados terapias online, enquanto outros transtornos, como o uso de substâncias ilícitas, podem requerer ajuda pessoalmente de um psicólogo ou outro profissional de saúde.
"Nosso objetivo de longo prazo é desenvolver modelos para determinar quais estudantes responderão aos diferentes tipos de intervenções", comentou Auerbach. "É nosso dever pensar em formas inovadoras de reduzir o estigma e aumentar o acesso a ferramentas que podem ajudar os alunos a gerenciar melhor o estresse."
Fonte:
https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2018/09/um-em-cada-tres-calouros-da-faculdade-sofrem-com-algum-disturbio-mental.html
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