Saúde mental e bem-estar dos professores são associados com saúde mental e bem-estar dos estudantes?
Is teachers’ mental health and wellbeing associated with students’ mental
health and wellbeing?
Harding, S. et al (2019). Is teachers’
mental health and wellbeing associated with students’ mental health and
wellbeing? Journal of Affective Disorders, 242(1), 180-187. doi: 10.1016/j.jad.2018.08.080
Resenhado por Luana C. Silva-Santos
Saúde mental e bem-estar entre
adolescentes têm sido associados a fatores como possuir relações sociais
saudáveis, além de manter um estilo de vida saudável, boa situação
socioeconômica e possuir baixos índices de transtornos mentais e ideação
suicida. Nesse sentido, adultos que sofrem de algum tipo de Transtorno Mental
Comum quase sempre relatam que seus problemas iniciaram enquanto estavam na
adolescência. Nesse sentido, identificar fatores de risco desta faixa etária e
alocar ações de intervenção precoce e prevenção de danos na saúde mental é
relevante. No âmbito escolar, sabe-se que uma das principais relações
estabelecidas é a díade professor-aluno. Assim, Harding et al. (2019) buscaram
compreender a associação entre saúde mental e bem-estar de professores e
alunos. Para tanto, realizaram um estudo transversal com 3216 alunos do 8º ano
e 1182 professores de 25 escolas secundárias na Inglaterra e no país de Gales.
No estudo, o bem-estar de alunos e
professores foi avaliado pela Warwick Edinburg Mental Wellbeing Scale.
Outras variáveis avaliadas foram o distresse dos alunos, pelo Strenghts and
Difficulties Questionnaire, e os sintomas depressivos de professores pelo Patient
Health Questionnaire. As análises utilizaram os sintomas depressivos do
professor como variável explicativa. Devido às possibilidades de agrupamentos
nas escolas (n = 25), utilizou-se modelos mistos. Os autores encontraram
que escore mais alto de bem-estar dos professores foi associado a escore mais
alto de bem-estar dos alunos e a menor distresse dos alunos, assim como altos
níveis de sintomas depressivos entre os professores foram associados a menor
bem-estar e maior distresse dos alunos.
Tais achados demonstram a importância da
qualidade da relação aluno-professor, dada sua relação direta com os níveis de
bem-estar de ambos. Sabe-se que professores com baixa autoeficácia tendiam a
adotar táticas evasivas para lidar com contratempos, negligenciar sua
capacidade e investir menos em manter uma relação saudável com seus alunos. A
articulação desses fatores com sintomas psicológicos, fisiológicos e
comportamentais resultam em sintomas de despersonalização e exaustão emocional
e levam ao burnout. Assim, além de
estender resultados de estudos anteriores, o presente trabalho também fornece
evidências para construção de programas preventivos de esgotamento profissional
e de promoção da saúde mental dos professores no local de trabalho. Dada a
relação encontrada entre os níveis de bem-estar e saúde mental de professores e
alunos, esta pesquisa também produz dados para ações voltadas aos alunos em si.
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