Implicações do ambiente, condições e organização do trabalho na saúde do professor: Uma revisão sistemática
Luz, J. G. D., Pessa, S. L. R., Luz, R. P. D., &
Schenatto, F. J. A. (2019). Implicações do ambiente, condições e organização do
trabalho na saúde do professor: Uma revisão sistemática. Ciência & Saúde Coletiva, 24,
4621-4632.
Resenhado por Franciely
Santos
O professor é peça imprescindível no
ambiente educacional, e este exige flexibilidade e dinamismo frente as
mudanças. Nesse cenário, o professor está sempre sendo desafiado, devido à
precariedade dos espaços, a sobrecarga de trabalho, os baixos salários e os
alunos que muitas vezes agem com indisciplina. Essas situações influenciam
negativamente na satisfação do profissional, o que acarreta, consequentemente,
em má relação com sua função e seu bem-estar físico e emocional. Assim, a saúde
dos professores é afetada, principalmente a saúde mental, e a síndrome de
Burnout aparece continuamente com destaque nos estudos.
Foi realizada uma revisão
sistemática no período de junho e julho de 2016. Após a triagem restaram 32
artigos que estavam de acordo com o objeto de pesquisa. Apesar de a busca ser
feita com artigos a partir de 1997, nenhum artigo entre esse ano e 2001 foram
encontrados. No que se refere a níveis de ensino, 7 estudos foram de ensino
primário e secundário, 5 com professores universitários, 4 não especificaram, 3
ensino secundário e escola de gramática, 1 da pré-escola e 1 pré-escola e
ensino. Quanto ao gênero, 26 abordaram tanto professores como professoras, 4
apenas professoras e 2 não explicitaram. Foram usados 47 questionários, além de
dados pessoais e sociodemográficos.
O estudo incluiu diversas regiões do
mundo e diferentes níveis de ensino. Entretanto, as contestações feitas pelos
docentes foram homogêneas em diversos aspectos como: pressão e péssimas
condições de trabalho, carga horária excessiva e falta de apoio. Em relação ao
ambiente, organização e condições de trabalho os principais responsáveis pelas
más condições foram: carga horária excessiva, sendo que 20% dos docentes
afirmaram trabalhar 60 h ou mais em 5 dias da semana; e as horas extras que
acarretam em sentimento de fadiga nos professores. Como alternativa para essas
questões estão os acordos flexíveis, que possibilitam aos docentes um controle
sobre as decisões que tem impacto direto na sua jornada diária.
Ademais, os resultados discorreram
sobre a saúde do professor, principalmente a saúde mental. Questões
relacionadas a saúde mental estão em lugar de destaque quando se trata de
condições de trabalho e docente. O estresse e a síndrome de Burnout são os
assuntos que mais aparecem nas pesquisas dessa área. Além de eventos externos,
a condição pessoal do docente também contribui nos níveis de estresse que o
professor pode apresentar, como investigado em um estudo no Reino Unido. Outro
estudo, realizado com professores chineses, realçou que uma intervenção válida
é adaptar o ambiente as necessidades do indivíduo, gerando assim diminuição em
índices de sobrecarga, atuação do ambiente físico sobre o estresse, e aumento
da capacidade para o trabalho.
Saúde e bem-estar dos professores
são temas pertinentes à psicologia da saúde. Causas ligadas direta e
indiretamente, como estresse, fadiga e satisfação laboral, são fatores de
preocupações e que merecem atenção especial como é apontado em muitos estudos.
Visto que há um vasto corpo docente acometido por diversos transtornos mentais
(principalmente, estresse e síndrome de Burnout), faz-se necessário pesquisas
que investiguem estratégias de enfrentamento mais eficazes que auxiliem esse
público-alvo.
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