Aumento das taxas de utilização de serviços de saúde mental por estudantes universitários dos EUA: Tendências de 10 anos em nível populacional (2007-2017) / Increased rates of mental health service utilization by US college students: 10-year population-level trends (2007–2017)
Lipson, S. K., Lattie, E. G., & Eisenberg, D.
(2018). Increased rates of mental health service utilization by US college
students: 10-year population-level trends (2007–2017). Psychiatric
Services in Advance, 70(1), 60-63. doi: 10.1176/appi.ps.201800332
Resenhado por Luanna Silva
A saúde mental de estudantes
universitários tem sido objeto de preocupação nos campi dos Estados Unidos.
Estima-se que 1 em cada 3 alunos apresentem critérios clínicos para diagnóstico
de condição psiquiátrica. Além disso, os dados das investigações sugerem
aumento no número de estudantes com condições de saúde mental pré-existentes ao
ingresso na faculdade. Em pesquisa com diretores dos centros de aconselhamento,
95% deles relataram que atender às necessidades dos alunos com problemas
psicológicos significativos é uma questão que tem demandado atenção crescente.
Dada a gravidade e complexidade dos problemas de saúde mental, uma questão-chave é
entender se o aumento da prevalência se traduz no uso de serviços de saúde
mental pelos estudantes.
Ao longo do tempo, os dados sobre a
utilização de serviços de saúde mental foram extraídos, em grande parte, de
amostras clínicas. Contudo, ainda que importantes, esses dados não fornecem uma
imagem completa do cenário em questão. Uma vez que os estudantes usam uma ampla
variedade de serviços de saúde mental, incluindo aqueles localizados nas
comunidades em torno do campus e também em suas cidades natais, faz-se necessário
examinar as tendências na utilização de serviços em nível populacional. A fim
de atingir esse objetivo, esse estudo analisou os dados do Healthy Minds
Study (HMS). O HMS é uma pesquisa online anual que examina saúde mental,
utilização de serviços e fatores relacionados entre estudantes de graduação e
pós-graduação. Para esse artigo foram analisados os dados do HMS de 2007 a 2017.
Foram investigados: a utilização de terapia ou aconselhamento no último ano,
uso de medicamentos psicotrópicos, diagnóstico de condição de saúde mental ao
longo da vida, as tendências na localização dos serviços, estigma pessoal e
percebido, presença de ideação suicida e de sintomatologia depressiva. A
amostra foi composta por 155.026 estudantes de 196 campi nos EUA.
No geral, 26,9% dos participantes apresentaram
resultado positivo para depressão e 8,2% relataram ideação suicida. Constatou-se
que a ideação suicida aumentou constantemente na última década, de 5,8% em 2007
para 10,8% em 2016-2017. A proporção de estudantes com uma condição de saúde
mental diagnosticada aumentou de 21,9% em 2007 para 35,5% em 2016-2017. O local
mais comum para receber serviços em saúde mental foi no campus. As taxas de
estigma percebido e pessoal diminuíram com o tempo, de 64,2% para 46% e de
11,4% para 5,7%, respectivamente. Os dados mostraram que a utilização dos
serviços de saúde mental aumentou substancialmente entre 2007 e 2017, pois as
taxas passaram de 19% para 34%.
O aumento
da prevalência de problemas de saúde mental e a diminuição do estigma ao longo
do tempo podem ajudar a explicar o aumento na procura por serviços de saúde
mental em populações universitárias. Os centros de aconselhamento dos campi têm
absorvido grande parte dessa demanda. Programas de prevenção, encaminhamento
rápido para o tratamento comunitário e aplicativos de cuidado em saúde mental
podem funcionar como importantes estratégias para aliviar a sobrecarga dos
centros de aconselhamento das universidades. Pesquisadores da área da Psicologia
da Saúde podem contribuir para a realização de estudos semelhantes no Brasil. Trabalhos
como este, de caráter longitudinal, ajudariam a compreender melhor a demanda de
assistência em saúde mental dos estudantes universitários, conhecer as
tendências de utilização dos serviços e a capacidade dos recursos existentes.
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