Sofrimento mental de professores do ensino público
Mental distress of public school teachers
Tostes, M. V., Albuquerque, G. S. C., Silva, M. J. S.,
& Petterle, R. R. (2018). Sofrimento mental de professores do ensino
público. Saúde em Debate, 42(116), 87-99. doi: 10.1590/0103-1104201811607
Resenhado
por Millena Bahiano
O aumento da incidência
de sofrimento mental em professores vem chamando a atenção de pesquisadores por
todo o mundo. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) aponta a categoria
docente como sendo a segunda a apresentar mais doenças ocupacionais. Já a
literatura tem evidenciado que os agravos à saúde dos docentes se apresentam por meio de um conjunto de sinais
físicos e psicológicos, como o estresse, a ansiedade, a depressão e a fadiga.
O presente estudo teve como
objetivo investigar a prevalência de sofrimento mental em professores da
rede pública, bem como os fatores que poderiam estar associados ao adoecimento
do docente no trabalho. A pesquisa
foi realizada em escolas estaduais do Paraná e contou com uma amostra de 1021 professores. Utilizaram-se como instrumentos um questionário
sociodemográfico e de morbidade autorreferida, o Self-Report Questionnaire-20 (SRQ-20) na investigação de distúrbios psíquicos menores,
além dos inventários de ansiedade e de depressão de Beck.
Dentre os resultados, observou-se
que a amostra foi composta em sua maioria por mulheres (78,8%). A idade dos respondentes
variou entre 19 e 65 anos. Com relação aos problemas de saúde autorreferidos, 29,7% dos professores relataram alguma
forma de adoecimento mental (depressão, ansiedade, estresse, entre outros). As
doenças osteomusculares,
como tendinites e lombalgias, apareceram em
segundo lugar com 23,9%.
As doenças otorrinolaringológicas estiveram presentes em 10,0% dos docentes. No que se refere ao afastamento do
trabalho por motivo de doença, 26,7% dos professores relataram se afastar por
sofrimento mental. Foram encontrados distúrbios psicológicos menores em 75% dos
professores, depressão em 44% e ansiedade em 70% dos participantes, havendo
associação significativa (p < 0,05)
destes sintomas com o sexo feminino, possuir outras doenças, levar atividade
laborativa para casa e trabalhar com o ensino fundamental.
Segundo os autores, na pesquisa ficou evidente que os professores
participantes apresentaram níveis bastante superiores de sofrimento mental em
relação aos da população em geral. Ademais, os dados encontrados sobre o
sofrimento psicológico dos docentes são preocupantes e podem repercutir na
qualidade do ensino. Para a psicologia, a identificação
dos fatores de risco e de proteção, associados ao adoecimento físico e mental
do docente, favorece a identificação precoce de doenças e promoção da saúde,
tanto no contexto acadêmico quanto em sua vida particular.
Nenhum comentário: