Solidão e depressão em universitários
Barroso,
S.M., Oliveira, N.R., & Andrade, V.S. (2019). Solidão e Depressão: Relações
com características pessoais e hábitos de vida em universitários. Psicologia:
Teoria e Pesquisa, 35(e35427),1-12. doi: 10.1590/0102.3772e35427
Resenhado por Laís Santos
A depressão é o transtorno mental comum de
maior prevalência no mundo e a principal causa de incapacidade, assim como, é
considerado o segundo maior problema de saúde pública mundial. Entre os fatores
de risco para a depressão, está a solidão. Conceitualmente, a solidão se
caracteriza pelo sentimento de isolamento social, e pode ser associada a outras
condições de risco, como a ideação e comportamentos suicida. Sendo composta por
aspectos cognitivos e emocionais, a solidão se manifesta de maneira distinta em
cada fase do desenvolvimento e pode surgir, mesmo quando o sujeito está cercado
por outras pessoas. O impacto negativo da depressão e da solidão pode ser
observado também entre os estudantes universitários. Estima-se que os
universitários são um grupo de risco para o início de problemas mentais mais
graves, visto o contexto estressor ao qual estão comumente submetidos, marcado
pela pressão social, intensas mudanças e necessidade de tomada de decisões
importantes. Com isso, o estudo em questão avaliou os níveis de solidão e
depressão de estudantes universitários do interior de Minas Gerais, bem como a
relação desses construtos com hábitos de vida, cursos de graduação e percepção
de suporte social desse público.
A amostra foi composta por 574 (61,1%; n
= 346 mulheres) estudantes da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM),
de 22 dos 25 cursos dessa instituição, abrangendo a área de Ciências Humanas
(18%; n = 103), Ciências da Saúde (36%; n = 206), Ciências Exatas
(32,5%; n = 186) e Ciências da Natureza (13,6%; n = 13,6%). Os
instrumentos utilizados foram: um Questionário sobre
a Saúde do Paciente (PHQ-9), a Escala Brasileira
de Solidão (UCLA-BR), a Escala de Percepção de
Suporte Social (EPSS), e um Questionário baseado nos fatores
relacionados à depressão e solidão, rotina de sono, hábitos alimentares,
questões sociodemográficas (seria interessante colocar exemplo do que foi
abordado), entre outros. Os resultados mostraram que apenas 2,4% dos estudantes
relataram sentir intensa solidão. As análises de correlação mostraram uma
associação positiva e moderada entre solidão e depressão, e uma correlação
negativa entre solidão e percepção de suporte social, assim como entre
depressão e percepção de suporte social. Constatou-se que as mulheres, pessoas
com menor renda, os que estavam cursando os períodos iniciais, e aqueles que
avaliaram mal o seu curso, e com menor percepção de suporte social apresentaram
triagem positiva para a depressão e maior solidão. Houve correlação positiva,
mas fraca, entre a depressão e o fumo, assim como entre a presença de doença
crônica, uso de medicação e ter algum transtorno psiquiátrico. A percepção de
suporte social, prática de atividades de lazer e física apresentou correlação
negativa com a depressão. Quanto à área dos cursos, a área de humanas
representou a maior parcela de estudantes mais deprimidos.
Os resultados chamam a atenção para um
tema bastante atual, a saúde mental de estudantes e profissionais da educação.
Além de consequências evidentes para a saúde desse público, tal incidência acarreta
na queda da produtividade e rendimento acadêmico, surgimento de problemas mais
graves e aumento dos casos de suicídio entre estudantes e professores. Nesse
sentido, à Psicologia da Saúde cabe o papel de não apenas avaliar, mas também,
criar estratégias eficazes de prevenção e promoção de saúde e bem-estar dessa
população, reduzindo a incidência e prevalência desses e outros problemas de
saúde mental.
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