Atitudes implícitas e comportamentos de segurança no trânsito. O uso do capacete / Implicit attitudes and road safety behaviors. The helmet-use case
Ledesma, R. D., Tosi, J., Poó, F. M., Montes, S. A., &
López, S. S. (2015). Implicit attitudes and road safety behaviors. The
helmet-use case. Accident Analysis &
Prevention, 79, 190-197. doi: 10.1016/j.aap.2015.03.030
Resenhado por Geovanna Turri
Pesquisas sobre
comportamentos de risco incluem cada vez mais tarefas para medir atitudes
implícitas e complementar métodos convencionais de avaliação de atitudes
explícitas, a exemplo de escalas de atitude. Ledesma, Tosi, Poó, Montes e López
(2015) explicam em seu trabalho que há duas razões importantes para isso. A primeira
é que as atitudes implícitas e explícitas representam diferenças nos processos
psicológicos, o que pode contribuir para explicar comportamentos de risco e de
proteção. A segunda é que enquanto medidas explícitas são sensíveis ao viés de
resposta, medidas implícitas fornecem medidas e estimativas mais robustas porque
os sujeitos são incapazes de manipular ou ajustar suas respostas. Assim,
medidas implícitas podem ser capazes de superar alguns dos problemas
intrínsecos das técnicas explícitas que foram objeto de críticas no campo da
segurança no trânsito. Com isso, os autores visaram investigar as medidas de atitudes
implícitas em relação à segurança no trânsito, particularmente em relação ao
uso de capacete.
Participaram
ao todo 194 motociclistas e todos eles receberam um instrumento de autorrelato
explícito. Os autores entrevistaram dentro dessa amostra maior uma subamostra que
também recebeu o Teste de Associação Implícita [The Implicit Association Test (IAT)] (n = 53). Nesta subamostra, dois grupos de comparação foram
formados: a) grupo seguro, composto por 27 motociclistas que usavam capacete; e
b) grupo de risco, composto por 26 motociclistas que não usavam capacete. Também
foram aplicados um instrumento de autorrelato que continha informações sobre
dados sociodemográficos, hábitos de uso do capacete, uso da motocicleta,
intenção de usar um capacete e atitudes explícitas em relação ao uso de
capacete, além de uma medida de desejabilidade social (aprovação social).
Ademais, o IAT também foi administrado em um grupo de 10 agentes rodoviários e especialistas
em prevenção de acidentes que serviram como grupo de comparação.
Os autores
estudaram o papel das atitudes implícitas nos comportamentos de segurança no
trânsito e também exploraram os benefícios do uso de medidas implícitas para
complementar instrumentos convencionais de autorrelato. Os resultados principais
do estudo revelaram que: a) as atitudes implícitas são capazes de prever diferenças
observadas no uso de capacete; b) atitudes implícitas se correlacionam com o
componente emocional das atitudes (por exemplo, percepção de
conforto-desconforto), mas parecem ser independentes dos componentes mais
cognitivos, a exemplo dos benefícios percebidos; c) o componente emocional das
atitudes explícitas parece ser o principal preditor do comportamento; e d)
medidas implícitas parecem ser mais robustas contra ações sociais.
A partir dos
resultados concluiu-se que medidas indiretas e automáticas servem como um
complemento importante às medidas diretas convencionais (autorrelatos), visto fornecerem
informações sobre processos psicológicos qualitativamente diferentes
(implícitos) e por serem mais robustos quando se trata de viés de resposta. Assim,
o presente trabalho revela sua importância para a Psicologia da Saúde ao
mostrar como as atitudes têm poder sobre o comportamento, seja a nível de
intervenção ou de predição, tornando possível sua modificação.
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