Dançaterapia no autismo: Um estudo de caso


Teixeira-Machado, L. (2015). Dançaterapia no autismo: Um estudo de caso. Fisioterapia e pesquisa, 22(2), 205-211. doi: 10.590/1809-2950/11137322022015
Resenhado por Luanna Silva

O autismo é uma desordem neurológica que afeta o desenvolvimento neuropsicomotor. Dificuldades de socialização, padrões estereotipados repetitivos de comportamento, transtornos na comunicação verbal e não-verbal, prejuízos na habilidade de imitação caracterizam essa condição. A base patológica desse transtorno é desconhecida, contudo, considera-se que o dano principal pode ser no sistema de neurônios espelho. Esse sistema pode ser necessário para a compreensão da ação de outras pessoas e para aprender novas aquisições motoras por meio da repetição.
Um dos problemas centrais do autismo é a dificuldade sensorial, uma vez que essa envolve os obstáculos à socialização e comunicação, assim como restringe o repertório de interesses e atividades. Intervenções terapêuticas que apresentam esse elemento como foco têm demonstrado resultados positivos. A dançaterapia favorece a interação social e estimula vários sistemas que interferem na percepção do movimento, logo se mostra importante para o progresso do aparato neuromotor, desenvolvimento emocional-social e para a interconexão de áreas responsáveis pela associação do movimento.
O objetivo desse estudo foi investigar os efeitos da dançaterapia em um adolescente de 15 anos, diagnosticado com transtorno do desenvolvimento no espectro autista. Foram realizadas 120 sessões de dançaterapia, com duração de 30 minutos, duas vezes por semana, durante um ano. As sessões foram compostas por tarefas de lateralidade e percepção musical e rítmica. As músicas e sequências coreografadas eram modificadas a cada 20 sessões. Quanto aos instrumentos de avaliação, para medir o desempenho motor e gestual foi utilizada a Medida da Função Motora (MFM); o Teste de Tinetti foi utilizado para avaliar o equilíbrio corporal e as anormalidades da marcha; e a Escala de Avaliação do Autismo Infantil (Childhood Autism Rating Scale – CARS) para mensurar aspectos referentes à qualidade de vida e à gravidade do autismo.
Os resultados demonstraram melhora no desempenho motor e gestual, no equilíbrio corporal e na marcha. O escore total da MFM aumentou 27,08% e o Teste de Tinetti foi de 68% para 75%.  Ademais, a dançaterapia favoreceu melhora da qualidade de vida do adolescente e redução da gravidade do espectro autista. Na avaliação inicial, o jovem era classificado como autista grave apresentando um escore de 41,5 pontos na CARS. Após 12 meses de intervenção, a pontuação foi de 32,5, identificado como autista de leve a moderado.
A atividade física tem sido apontada como importante fonte de benefícios para essa população. A dança está presente em todas as culturas e envolve diversos comportamentos criativos, favorecendo que o indivíduo com autismo exponha seu completo potencial cognitivo, comportamental, social e comunicativo. Considerando os resultados positivos que terapias alternativas e complementares apresentam, é importante que psicólogos da saúde estejam atentos a fim de promover a aplicação e adesão de ações semelhantes junto a esse público.

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