Uma proposta de avaliação diagnóstica multidisciplinar do transtorno do espectro autista (TEA)
Velloso, R.
L.; Vinic, A. A.; Duarte, C. P.; Dantino, M. E. F.; Brunoni, D.; Schwartzman,
J. S. (2011). Protocolo de avaliação diagnóstica multidisciplinar da equipe de
transtornos globais do desenvolvimento vinculado à pós-graduação em distúrbios
do desenvolvimento da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Cadernos de
Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento, 11(1), 9-22.
Resenhado por Danielle Alves Menezes
O
objetivo do artigo é descrever um protocolo multidisciplinar de avaliação do
transtorno do espectro autista (TEA), gerado a partir de um conjunto de 126
avaliações de transtornos globais do desenvolvimento(TGD), realizadas entre
2005 e 2010. Ao final, dentre os diversos diagnósticos, foram selecionados 31 indivíduos com TEA para
a amostra.
As
etapas que compuseram a proposta do protocolo foram: anamnese, avaliação
neuropsicológica, avaliação fonoaudiológica, avaliação da cognição social,
exame físico, exame neurológico, avaliação do movimento ocular (Tobii eye
tracking) e aplicação de protocolos de pesquisas científicas.
Em
especial, a anamnese conteve informações sobre histórico escolar, médico e
genético, desenvolvimento neuropsicomotor. Foram aplicados, nesta etapa, instrumentos
de rastreamento de TDG, o Autism Screening Questionnaire (ASQ) e o Autism
Behavior Checklist (ABC). Já na avaliação neuropsicológica, o foco foi verificar
se havia preservação ou prejuízo no processamento ligado a funções cerebrais
superiores através de testes padronizados, com foco na inteligência, memória
verbal e visual, atenção concentrada, seletiva e dividida, funções executivas e
percepção. Foram utilizadas a Escala de Inteligência Wechsler para Crianças (WISC-III),
Escala de Inteligência Wechsler para Adultos (WAIS-III), Escala de Maturidade
Mental Columbia e o Perfil Psicoeducacional Revisado (PEP-R), Rey Auditory
Verbal Learning Test (RAVLT), teste Figuras Complexas de Rey, o teste FAS
Animais e Frutas, Teste Stroop, Trail Makink Test, Teste Atenção
Concentrada, Teste Wisconsin de Classificação de Cartas (WCST).
A
avaliação fonoaudiológica compreendeu os seguintes aspectos: fonologia,
sintática, semântica, vocabulário, pragmática, competências metalingüísticas
(incluindo leitura, escrita, interpretação de inferência, ambiguidade e
metáfora, maturidade simbólica e atenção compartilhada, através de roteiro
padronizado e dos instrumentos teste ABFW, teste de linguagem infantil TIPITI,
teste TLC-E e teste avançado em Teoria da Mente. A avaliação da cognição social
buscou analisar as seguintes habilidades: dividir ou compartilhar o mesmo ponto
de interesse ou perspectiva, empatia, reconhecimento de expressões faciais,
inferências, antecipação, alexitimia, pretend play (faz-de-conta) e
falsa crença. Os instrumentos utilizados foram: Inventário de Habilidades Sociais
Del, ADOS-G (Autism Diagnostic Observation Schedule), ADI-R (Autism
Diagnosis Interview-Revised) e CHAT - Checklist de Autismo em crianças.
Em
cada etapa, houve discussão multidisciplinar dos resultados, os quais foram,
posteriormente, operacionalizados e transformados em orientações para membros
da família do avaliado. Como resultado, observou-se que foi possível realizar
intervenções mais precoces, obteve-se melhor investigação de aspectos complexos
que envolvem o TEA e houve maior refinamento dos dados para composição de
diagnóstico diferencial, bem como de compreensão do prognóstico do TEA.
A
partir da proposta de protocolo investigada pelos autores, observou-se a
importância de ampliar a avaliação diagnóstica na direção de uma visão
multifacetada sobre o TEA. Com isso, o prognóstico do transtorno poderá ser
mais bem compreendido pelos familiares, assim como melhor planejamento do
tratamento da pessoa com TEA, o que favoreceria a adaptação psicológica e,
consequentemente, promoveria bem-estar psicológico.
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