Ruminação e habilidades de mindfulness em praticantes e não praticantes de meditação
Crauss,
F., Menezes, C., Nacimento L., & Andretta, I. Ruminação e habilidades de mindfulness em praticantes e não
praticantes de meditação.(2017). Psico.
48(4), 264-273.
Resenhado por Mariana Serrão
A ruminação é um
estilo cognitivo de resposta ao estresse psicológico que tem um foco repetitivo
e persistente no estresse, bem como na causa e consequência desses
sintomas. Por isso, é considerada um
fator de risco para a exacerbação ou surgimento de transtornos psicológicos
como ansiedade e depressão. Alguns estudos apontam que tanto sessões de
meditação como a prática prolongada ajuda na diminuição da ruminação em amostra
clínica ou não clínica.
As práticas de meditação tem como principal
objetivo o desenvolvimento de uma consciência menos condicionada, distraída e
reativa. Desse modo, a meditação busca cultivar e desenvolver mindfulness, que consiste em uma habilidade
mental capaz de auxiliar o praticante a controlar a automaticidade com que tende
a realizar julgamentos e a reagir afetivamente às próprias associações,
sensações e sentimentos. É importante salientar que apesar do termo mindfulness ser utilizado para designar
as práticas de meditação, o termo é utilizado para referir-se a um estado
mental “atenção plena no momento presente”.
A ruminação e o midfulness
são estilos diferentes e inverso do processamento de situações de estresse
psicológico, pesquisas apontam que pessoas que meditam tendem a ruminar menos.
Dado o exposto o presente estudo buscou avaliar a relação entre ruminação e
práticas meditativas, bem como se há significância nessa relação quando
comparado meditadores mais experientes e não meditadores.
Participaram da pesquisa 201 pessoas, com idades entre 16 e
65 anos, a média de idade foi de 36 anos. Os instrumentos utilizados foram:
questionário sociodemográfico (idade, renda mensal, grau de escolaridade,
estado civil, uso de medicação psiquiátrica, acompanhamento terapêutico e dados
da experiência de práticas meditativas); Questionário de Respostas Ruminativas
(QRR); Questionário das Cinco Facetas de Mindfulness (FFMQ-BR) –
as cinco facetas são: não julgar, agir com consciência, observar, descrever e
não reagir.
Foi verificado que os mediadores se relacionam negativamente
com o estilo ruminativo, ou seja, indivíduos que praticam meditação tendem a
ruminar menos. Por fim, foi possível observar que dentro do grupo de
meditadores, tanto o tempo de prática em meses, como a frequência semanal, se
correlacionaram positivamente com os domínios “agir com
consciência”, “não julgar” e “não reagir”, e no que diz respeito a ruminação se
correlacionaram negativamente. Não houve correlação significativa entre a
duração da prática em minutos e nenhum dos domínios.
Discute-se que um dos efeitos da meditação é a modificação
de estilos cognitivos, isto é, da forma como a pessoa processa e relaciona-se
com seus próprios conteúdos mentais e suas próprias experiências. Assim, é
possível que a meditação auxilie a modificar estilos cognitivos através de uma
relação inversa entre um padrão ruminativo e um padrão mindfulnes (de
atenção plena). Desse modo a atenção plena pode ser utilizada pelos psicólogos
juntamente com as técnicas cognitivas como mais uma ferramenta para modificação
de estilos cognitivos.
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