Terapia Cognitivo-Comportamental para transtornos alimentares: A visão de psicoterapeutas sobre o tratamento
Oliveira, L. L., & Deiro, C. P..
(2013). Terapia cognitivo-comportamental para transtornos alimentares: A visão de
psicoterapeutas sobre o tratamento. Revista
Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, 15(1), 36-49.
Resenhado por Elvis Leal
O presente estudo foi voltado para
os transtornos alimentares (TA) anorexia nervosa (AN) e bulimia nervosa (BN). Esses
transtornos se caracterizam pelo medo de engordar, redução do consumo
nutricional, ingestão de grande quantidade de alimentos seguida de indução de
vômito e uso abusivo de laxantes e/ou diuréticos. Os TA atingem principalmente
a população feminina na faixa etária de 13 a 20 anos (aproximadamente 1% nessa
população). Vale ressaltar que parte da população não preenche todos os
critérios, mas possuem traços de comportamento anoréxico ou bulímico. Alguns
tratamentos para os TA envolvem dietas para o ganho de peso, porém a taxa de
recaída é alta. Um desvio na dieta pode ser visto como um fracasso levando à
desistência temporária do controle da alimentação.
A Terapia Cognitivo-Comportamental
(TCC) tem se mostrado eficiente no tratamento dos TA. Fairburn (1991) usa essa
abordagem para fazer o cliente analisar seus pressupostos, modificar suas
crenças, pensamentos automáticos e os comportamentos disfuncionais. Pensamentos
dicotômicos são comuns. Outra tendência disfuncional é a atenção seletiva, de
modo a tentar confirmar as crenças, e ignorando ou distorcendo as que
contradizem a crença. O tratamento para os TA sugeridos pela TCC têm como meta
a diminuição da compulsão e da restrição alimentar, dos episódios bulímicos, da
frequência de atividade física, a diminuição do distúrbio da imagem corporal, a
modificação do sistema disfuncional de crenças associadas à aparência, peso e
alimentação e o aumento da autoestima.
Diante do exposto, o objetivo deste
estudo foi investigar como se dá o tratamento dos TA. Foram selecionados quatro
psicoterapeutas que atuam a mais de 5 anos na área para responder algumas
perguntas. O processo para o tratamento do TA consiste em três etapas com oito
entrevistas cada uma, sendo duas entrevistas por semana. A primeira etapa
consiste em traçar os objetivos: expectativas, intenções e esperança. Outro
ponto a ser abordado nas primeiras sessões é a ingestão de alimentos, é
necessário prevenir que o cliente entre em uma dieta e tenha um episódio
bulímico. São indicados dieta fixa e uso de técnicas comportamentais como a
evitação de situações de estresse. A segunda fase é a reestruturação cognitiva.
Nesse ponto o cliente é levado a identificar e modificar as crenças
disfuncionais que fazem a manutenção do TA. Por fim, é necessário que se
elabore um plano de prevenção a recaídas.
De acordo com a literatura, a família
tem um papel fundamental no tratamento do TA, muitas vezes se envolvendo
diretamente no tratamento. Um problema relatado pelos psicoterapeutas em
relação ao tratamento dos TA foi a falta de padronização na inserção da família
no tratamento. Outros problemas envolvem a falta de motivação por parte de
alguns clientes e também questões financeiras.
Os quatro entrevistados concordaram
que a abordagem etiológica do transtorno é muito relevante. O momento para se
fazer isso pode ser após a atenuação dos sintomas do TA ou desde o começo do
tratamento. As considerações para se dar alta ao cliente varia entre esperar
uma situação estressante para ver como o cliente lida com a situação à
elaboração do plano de prevenção de recaídas.
Como foi apontado na pesquisa, a TCC
carece de estudos acerca desses transtornos. A Psicologia da Saúde pode
contribuir com pesquisas com enfoco nas distorções da autoimagem,
principalmente no contexto brasileiro.
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