Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade e o Desenvolvimento de Habilidades Cognitivas
Cantiere, C. N., Micieli, A. P. R.,
Lellis, V. R. R., de Siqueira, A. R. C., de Freitas Marino, R. L., Teixeira, M.
C. T. V., & Carreiro, L. R. R. (2018). Intervenção neuropsicológica no
desenvolvimento de habilidades cognitivas em crianças com TDAH: Estudo de caso.
Cadernos de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento, 14(2).
Recuperado de: http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/cpgdd/article/view/11256/6993.
Resenhado por
Lizandra Soares
O Transtorno de Déficit
de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é entendido como um transtorno do
neurodesenvolvimento caracterizado essencialmente pelo rebaixamento no
desempenho atencional e comportamento hiperativo. Em geral, indivíduos
diagnosticados com TDAH relatam dificuldade de manter a atenção ou concentração
por um período de tempo prolongado em tarefas como as escolares. Do ponto de
vista neuropsicológico, apresentam déficit na memória operacional, o que
dificulta a aprendizagem de novas habilidades escolares provocando dificuldade
no desempenho escolar, falta de disciplina das atividades em geral (inicia e
não conclui tarefas ou/e dificuldade de seguir regras), além de problemas com
organização (perdendo objetos com facilidade). Ou seja, esse transtorno provoca
prejuízos cognitivos e comportamentais que interferem o desenvolvimento e a
vida do indivíduo.
O objetivo do
artigo resenhado foi desenvolver, implementar e avaliar indicadores de melhora
de um programa de intervenção neuropsicológica para treino de habilidades de
atenção e flexibilidade cognitiva. Para tanto realizou-se um estudo de caso com
uma criança de 8 anos sem déficit intelectual e com marcadores comportamentais
de TDAH. Neste, foi feita uma avaliação pré-intervenção por meio de inventário
para a análise do perfil comportamental, teste de atenção voluntária,
automática e temporal, função executiva e resistência à distração e velocidade
de processamento de informações cognitivas. Após a avaliação, foi implementado
um treino de reabilitação neuropsicológica para TDAH com atividades lúdicas
realizado em 15 encontros. Finalizada a intervenção, o participante foi
reavaliado com os mesmos instrumentos comportamentais e neuropsicológicos, a
fim de comparar os dados. Faz-se importante frisar que, durante as intervenções,
o participante fez uso de medicação psicoestimulante. Em todas as sessões de
intervenção houve a participação de um observador que registrou o treino
realizado utilizando um protocolo de observação para categorizar comportamentos
alvos no TDAH.
Por meio da
intervenção realizada foi possível observar melhora de diferentes indicadores
comportamentais e cognitivos, refletindo no desenvolvimento e na inserção educacional
e social do participante. O participante apresentou evolução no quadro da
desatenção e dos sintomas comportamentais. O paciente,
após o treino, aderiu a regras e a necessidade de esperar a sua vez. De igual
maneira, nos testes aplicados, apresentou melhor desempenho em planejamento
prévio da atividade e flexibilidade cognitiva na resolução de problemas. A
limitação do estudo realizado está no fato de ter sido um estudo de caso
clínico o que restringe a possibilidade de generalização. Neste sentido, sugere-se
a realização de mais estudos sobre nesse modelo utilizando um número maior de
pessoas a fim de levantar indicadores estatísticos possíveis de serem
analisados de forma mais ampla. Por fim, do ponto de vista da psicologia da
saúde, esse tipo de estudo é importante porque permite a reflexão sobre formas
de intervenção eficazes dentro da prática clínica da psicologia e da
neuropsicologia no que tange o TDAH.
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