Qualidade de vida no Transtorno Obsessivo-Compulsivo: um estudo com usuários da Atenção Básica
Scholl, C. C., Tabeleão, V. P.,
Stigger, R. S., Trettim, J. P., Mattos, M. B. D., Pires, A. J., ... &
Quevedo, L. D. A. (2017). Qualidade de vida no Transtorno Obsessivo-Compulsivo:
um estudo com usuários da Atenção Básica. Ciência & Saúde Coletiva, 22, 1353-1360.
Resenhado
por Sara Andrade
A
Organização Mundial da Saúde (OMS), define a qualidade de vida como “a
percepção do indivíduo de sua inserção na vida no contexto da cultura e
sistemas de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos,
expectativas, padrões e preocupações”. Esta pode ser afetada por diversos
fatores, dentre eles, a presença de transtornos mentais.
Um
dos transtornos mentais mais incapacitantes é o Transtorno Obsessivo-Compulsivo
(TOC), que hoje já é a 10ª causa de incapacidade no mundo. O TOC é
caracterizado por ideias obsessivas e/ou por comportamentos compulsivos recorrentes
e tem curso crônico. Os sintomas atrapalham e consomem tempo da vida do
sujeito, interferindo ocupacional e socialmente. As consequências mais comuns
do TOC são a diminuição da autoestima e do bem-estar subjetivo e a
interferência negativa na vida estudantil, profissional, familiar, afetiva e
social. Estudos populacionais mostram que a qualidade de vida no TOC é menor
quando comparada à população geral.
A
avaliação e o acompanhamento dos índices de qualidade de vida em pacientes com
transtornos mentais permitem a identificação de suas prioridades, sendo
possível a implementação de ações efetivas para melhorar a dos usuários do
sistema de saúde. A atenção primária é a porta de entrada da atenção em saúde no Brasil, sendo definida como estratégia de
organização do sistema para realizar ações de promoção à saúde, prevenção de
agravos, diagnóstico, tratamento e reabilitação individual e coletiva. Diante
de tais informações, o objetivo do estudo foi avaliar a qualidade de vida em
portadores de TOC usuários da atenção primária à saúde.
Tratou-se
de um estudo transversal alinhado a um de intervenção conduzido em quatro unidades de básicas de
saúde (UBS) vinculadas à Universidade Católica de Pelotas no município de
Pelotas (Rio Grande do Sul). A amostra foi selecionada por conveniência,
incluindo todos os usuários das três UBS que buscaram algum tipo de atendimento
no período de 1º de março a 30 de julho de 2009. Para avaliar a QV foi
utilizada a WHOQOL–Bref, e o TOC foi avaliado através da M.I.N.I. Foram avaliados
1081 indivíduos. A prevalência de TOC encontrada foi de 3,9%. Portadores de TOC
apresentaram médias inferiores em todos os domínios da QV, sendo o aspecto
psicológico o mais afetado, quando comparados ,aos indivíduos sem TOC (p <
0,001). Tal achado corroborou com os dados da OMS que mencionam o transtorno
como um dos mais incapacitantes.
A partir dos achados do estudo, supõe-se que a qualidade de
vida é influenciada negativamente pelo transtorno mental, o qual apresenta
altas prevalências na atenção primária. Os achados deste estudo enfatizam a
importância de utilizar a QV como instrumento de monitoramento da melhora do
transtorno no âmbito da atenção básica à saúde. Por isso, conclui-se também a
necessidade de verificar e reforçar a importância do trabalho de psicólogos da
saúde junto a equipe de atenção básica, com vista à redução dos impactos que o
TOC acarreta na vida das pessoas que buscam o serviço.
Nenhum comentário: