O efeito do estresse no trabalho sobre o esgotamento profissional (burnout) entre professores: O papel mediador da autoeficácia / The effect of work stress on job burnout among teachers: The mediating role of self-efficacy


Yu, X., Wang, P., Zhai, X., Dai, H., & Yang, Q.  (2015). The effect of work stress on job burnout among teachers: The mediating role of self-efficacy. Social Indicators Research, 122(3), 701-708. doi: 10.1007/s11205-014-0716-5

Resenhado por Luana C. Silva-Santos

Conceito introduzido em 1974 por Freudenberger, que o considerava sintoma de exaustão relacionado a profissões de ajuda, o esgotamento profissional (ou burnout) refere-se ao estado de fadiga física e mental experimentado após trabalhar sob forte pressão. Essa pressão frequentemente resulta em absenteísmo, insatisfação e rotatividade de funcionários, além de causar reações adversar psicológicas (ansiedade, depressão), fisiológicas (dores de cabeça, taquicardia, hipertensão) e comportamentais (abuso de substâncias, estilos não saudáveis de vida). A incapacidade de lidar com esse conjunto de fatores relacionados à pressão sofrida no trabalho leva o indivíduo ao burnout. Considerando autoeficácia como a especulação do indivíduo sobre sua própria capacidade de concluir uma ação, estima-se que este seja um construto relacionado ao burnout, que pode servir como mediador do mesmo. Diante disso, Yu, Wang, Zhai, Dai e Yang (2015) investigaram o impacto do estresse no trabalho no burnout, focando em confirmar o papel mediador da autoeficácia. Participaram do estudo 387 professores de ensino médio, 183 homens e 204 mulheres que responderam as escalas Perceived Stress Scale (Escala de Estresse Percebido), General Self-efficacy Scale (Escala de Autoeficácia Geral) e Maslach Burnout Inventory (Inventório de Burnout de Maslach).
Os autores encontraram que tanto estresse percebido como autoeficácia foram significativamente correlacionados ao burnout. Professores que percebiam um maior nível de pressão no trabalho tenderam a desenvolver menor autoeficácia e maior insatisfação, fadiga e cansaço mental relacionado ao trabalho. A modelagem de equações estruturais indicou que a autoeficácia mediou parcialmente o estresse percebido em relação ao burnout e o modelo final também revelou significância estatística em ambas as trajetórias de estresse no trabalho percebido a burnout através da autoeficácia.
Professores com baixa autoeficácia tendiam a adotar táticas evasivas para lidar com contratempos, atribuir seu sucesso ou fracasso ao ensino e à influência de fatores externos, negligenciar sua capacidade e seu esforço interno. A articulação desses fatores com sintomas psicológicos, fisiológicos e comportamentais resultam em sintomas de despersonalização e exaustão emocional e levam ao burnout. Assim, além de estender achados de estudos anteriores, o presente trabalho também fornece evidências para construção de programas preventivos de esgotamento profissional e de promoção da saúde mental dos professores no local de trabalho.

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