Como lidar com o luto durante a pandemia de COVID-19: Lamentar a perda de um ente querido pode ser especialmente desafiador agora
Traduzido e adaptado por Michelle Leite
Por que a pandemia cria tensão adicional para os enlutados?
Vivemos tempos altamente incertos e estamos cercados de medo, ansiedade e doença. Essa pandemia será especialmente difícil se você estiver sofrendo a perda de um ente querido. Algumas das razões para o aumento do sofrimento acontecem porque o enlutado recebe menos apoio de forma direta (pessoalmente), levando a uma maior sensação de isolamento e solidão. A quarentena e a diminuição das atividades da rotina usual podem ocasionar mais tempo ocioso para pensar no ente perdido e, consequentemente, reduzir a capacidade
de usar hobbies e outros interesses como distrações úteis. Além disso, a
incerteza social, de saúde e ocupacional dificultam um planejamento
para o futuro, atitude que poderia ser útil no enfrentamento do luto. Por fim, o enlutado é frequentemente lembrado sobre a COVID-19 e as mortes decorrentes da doença, o que gera o medo inclusive de perder mais entes queridos.
Haverá outros fatores potencializadores do sofrimento e os recursos de enfrentamento de uma pessoa enlutada estão sob forte tensão no contexto da pandemia. Dito
isso, abaixo serão listadas algumas estratégias de enfrentamento que
podem ajudar aqueles que perderam um ente querido para o novo coronavírus.
- Reconheça que o luto neste momento é mais desafiador do que lidar com a perda fora de uma crise de saúde. Você tem fontes adicionais de estresse para enfrentar; portanto, você deve praticar a autocompaixão. Ao não reconhecer o estresse adicional associado à pandemia, você corre o risco de se culpar por algo que está fora de seu controle.
- Ficar conectado aos outros é muito importante se você está sofrendo e socialmente isolado. Muitas vezes não sentimos vontade de conversar com os outros depois de perder um ente querido. Se você não tiver essa motivação, tente reservar horários para fazer ligações ou chamadas de vídeo. Organize essas conversas como compromissos que você deve manter. Marque os horários com as pessoas com antecedência para ter mais chances de seguir adiante.
- Alterne entre "perda" e atividades "restaurativas". Essa ideia vem da abordagem de processo duplo para o luto, no qual as pessoas intercalam entre atividades relacionadas à perda (por exemplo, olhando fotos do falecido, chorando, conversando sobre a pessoa) e exercícios restauradores (por exemplo, fazendo planos para o futuro, gastando tempo com hobbies).
- Considere minimizar o tempo gasto assistindo às notícias. É sensato conhecer os principais anúncios do governo e das autoridades de saúde. Fora isso, não assista as notícias se aumentar seus níveis de estresse.
- Você pode achar útil pensar em como seu ente querido perdido gostaria que você respondesse nessas circunstâncias. Você pode usar este exercício para ajudar a gerar estratégias de enfrentamento.
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