Cuidados paliativos para LGBTQ+ no contexto da COVID-19: Recomendações clínicas

LGBTQ+ inclusive palliative care in the context of COVID-19: Pragmatic 
recommendations for clinicians 

Rosa, W. E., Shook, A., & Acquaviva, K. D. (2020). LGBTQ+ inclusive palliative care in the context of COVID-19: Pragmatic recommendations for clinicians. Journal of Pain and Symptom Management. Publicação online antecipada. https://doi.org/10.1016/j.jpainsymman.2020.04.155 
Resenhado por Luiz Guilherme L. Silva

Lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transgêneros e queers (LGBTQ+) são vulneráveis às inequidades em saúde, incluindo em cuidados paliativos, por conta do preconceito, estigma e discriminação sofridos por minorias. Esse público tem histórico de tratamento estigmatizante por alguns profissionais de saúde devido à falta de treinamento e infraestrutura necessários para prover cuidados de saúde à população LGBTQ+. Apesar de existir crescente literatura para atendimento de pessoas com COVID-19, não há materiais relacionados às minorias sexuais. Assim, o artigo visa mostrar inequidades em saúde e suporte social, bem como prover estratégias acessíveis a profissionais de saúde a fim de ofertar cuidados a essa população em relação à COVID-19. 
Apesar da sigla LGBTQ+ sugerir uma população homogênea, deve-se considerar a singularidade de cada letra presente no acrônimo em questões relacionadas a um tratamento digno e humanizado, visto que essas populações são impactadas por recortes interseccionais diversos e que cada uma é exposta a estressores diferentes. Em comparação com pessoas heterossexuais e cisgêneros, as minorias sexuais sofrem inequidades em saúde como, por exemplo, preconceito, discriminação e falta de suporte social. Esses fatores contribuem com o alto risco de mortalidade dessa população no contexto da COVID-19. Vale ressaltar que, muitas vezes, o suporte social de indivíduos LGBTQ+ advém de amigos, parceiros e familiares escolhidos, ou seja, pessoas que não possuem laço consanguíneo, mas são fortemente ligadas umas às outras. 
Considerando os aspectos acima, os profissionais de saúde devem sempre pressupor que um paciente com COVID-19 seja LGBTQ+ a fim de adotar linguagem inclusiva independente da expressão de gênero, orientação sexual e/ou identidade de gênero presumidas. Outro ponto a ser considerado na clínica é o fato de a pessoa talvez precisar de um responsável legal para tomar algumas decisões. Deste modo, é importante pedir ao paciente para nomear um responsável, assim como quais informações o profissional de saúde não poderia compartilhar referente ao quadro de saúde do indivíduo como o uso de medicamentos específicos ou outras doenças. Além disso, é importante usar o pronome de tratamento adequado à vontade da pessoa, assim como limitar questões desnecessárias ao tratamento da COVID-19. Ao levar em conta essas recomendações, os profissionais de saúde podem conduzir o tratamento para COVID-19 de forma digna, humanizada e focada na pessoa a fim de reduzir o estresse causado pela infecção. 
A Psicologia da Saúde, frente ao contexto da pandemia da COVID-19, tem papel fundamental ao estudar e tentar reduzir as inequidades em saúde de grupos minoritários a fim de proporcionar um melhor acesso à saúde no que se refere as suas especificidades. Deste modo, os pesquisadores e profissionais dessa área podem contribuir para um tratamento mais digno e humanizado por meio do uso de linguagem inclusiva, bem como pela abordagem de questões relacionadas à saúde e outros aspectos que influenciam o processo saúde-doença do indivíduo.

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