Expectativas, medos e percepções de médicos durante a pandemia da COVID-19

Urooj, U., Ansari., A., Siraj, A., Khan, S., & Tariq, H. (2020). Expectations, fears and perceptions of doctors during COVID-19 Pandemic. Pakistan Journal of Medical Science, 36, s1-s6. doi: 10.12669/pjms.36.COVID19-S4.2643  
Resenhado por: Catiele Reis 

A pandemia da COVID-19 trouxe uma série de preocupações para os trabalhadores da área da saúde que estão na linha de frente dos cuidados. A maior preocupação é levar o vírus para casa e acabar contaminando suas famílias. Há também o medo de que, se adoecerem eles estarão falhando e deixando desamparado o sistema de saúde, os colegas e os pacientes assistidos por eles. Somado a isto, tem-se a atualização diária sobre a doença e as preocupações inerentes a este fato. 
O objetivo deste estudo foi explorar as expectativas e os medos enfrentados pelos médicos durante a pandemia de COVID-19. Para isso, foi realizada uma pesquisa exploratória contendo um formulário de pesquisa do Google contendo oito perguntas fechadas e quatro perguntas abertas. A coleta aconteceu durante os meses de março e abril de 2020, sendo os médicos abordados por e-mail ou grupo de WhatsApp. A idade média dos participantes foi de 33 anos, sendo 150 mulheres e 72 homens. Os médicos participantes tinham os seguintes cargos: 29 professores associados, 34 professores assistentes, 56 residentes seniores, 103 residentes médicos e 134 médicos que estavam lidando diretamente com o novo coronavírus. 
Os médicos apresentaram medo por motivos distintos, sobretudo de infectar um membro da família, da rápida disseminação da doença, de tornar-se portador da doença e até mesmo de não conseguir diagnosticar algumas pessoas. Sobre as expectativas, 80% dos médicos, principalmente os idosos, relataram que esperavam haver mais EPIs e suprimentos essenciais para garantir a segurança do médico. Esses elementos essenciais incluem uma reserva de força de trabalho, a ampliação de exames de testagem para os médicos que estão trabalhando para evitar o pânico. Cerca de 20% das pessoas reportaram não haver expectativa nenhuma. 
Concluiu-se que os médicos possuem medos e percepções sobre a pandemia que precisam ser abordados durante a formação de políticas públicas. Eles temem o bem-estar de suas famílias se não houver o fornecimento de EPIs adequados. Este estudo pode fornecer também amparo aos psicólogos da saúde na hora de formular ações voltadas para os médicos e demais profissionais da saúde durante a pandemia, pois os profissionais de saúde precisam de proteção não apenas física, mas também psicológica. 

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