Processo de luto no contexto da COVID-19


Resenhado por Michelle Leite

            O luto é um processo de resposta natural que ocorre quando perdemos algo ou alguém significativo na nossa vida. Os rituais de despedidas e as significações que perpassam o enlutamento variam conforme cada cultura e são elementos essenciais para a organização de um luto normal dos indivíduos. Em contexto de pandemia, as mortes, mais frequentes e súbitas, demandam rituais díspares, uma vez que a presença da família junto ao paciente infectado e os ritos de despedidas e ações integrantes do processo de luto não podem ser realizadas pelos entes queridos como habitualmente o fazem. No Brasil, a recomendação para os rituais fúnebres é que ocorram velórios com poucas pessoas e no máximo com 1 hora de duração; que o sepultamento seja feito com o caixão lacrado; que não haja o procedimento de tanatopraxia; e que logo após o velório o corpo seja cremado. Todas essas mudanças são fatores de risco para o desenvolvimento de um luto complicado e por isso algumas estratégias de suporte e apoio emocional no enlutamento devem ser usadas:

1.     Utilização de estratégias remotas de despedida – familiares e amigos podem se despedir do ente querido através de chamadas de vídeo, mensagens de voz ou cartas.
2.     Criação um memorial do falecido em casa – um tempo pode ser reservado para olhar as fotografias do falecido, acender uma vela, escrever uma mensagem para ele, ou seguir um ritual religioso ou espiritual. Essas ações poderão trazer conforto e afeto.
3.      Organização de um espaço onde amigos e familiares possam escrever mensagens – enlutados costumam encontrar conforto e se sentem menos tristes ao ler essas mensagens de suporte e condolências.
4.     Desenvolvimento de rituais fúnebres alternativos – missas ou cultos virtuais, bem como, homenagens podem ser utilizados para auxiliar no processo de despedida do ente querido.
5.     Realização de funerais alternativos – funerais online (a fim de proteger funcionários, famílias e amigos de aglomerações e possíveis infecções) e enterros escalonados (familiares revezando suas chegadas para manter grupos menores que 10 pessoas) são boas estratégias para melhor elaboração do luto.
6.     Fortalecimento das redes religiosas/espirituais do falecido e dos enlutados – o contato virtual com líderes religiosos importantes para a família pode ser significativo nesse momento.
7.     Solicitação de ajuda, se necessário -  se um familiar, ou amigo, está encontrando dificuldade em lidar com a situação, deve-se buscar ajuda junto a outras pessoas, sejam profissionais de atenção psicossocial, sejam líderes comunitários, religiosos, ou mesmo dentro da própria rede. O fundamental é o reconhecimento dos próprios limites e a busca de ajuda quando esta se faz necessária.




FIOCRUZ (2020). Saúde Mental e Atenção Psicossocial na Pandemia COVID-19: processo de luto no contexto da COVID-19. Disponível em: https://www.fiocruzbrasilia.fiocruz.br/wp-content/uploads/2020/04/Sa%c3%bade-Mental-e-Aten%c3%a7%c3%a3o-Psicossocial-na-Pandemia-Covid-19-processo-de-luto-no-contexto-da-Covid-19.pdf

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