Perda e luto em meio à COVID-19: Um caminho para adaptação e resiliência
Loss and grief amidst COVID-19: A path to adaptation and resilience
Zhai, Y., & Du, X. (in press). Loss and grief amidst COVID-19: A path to adaptation and resilience. Brain, Behavior, and Immunity. doi: 10.1016/j.bbi.2020.04.053
Resenhado por Geovanna Turri
A pandemia da
COVID-19 representou uma ameaça extrema à saúde global e se tornou uma
das principais causas de morte no mundo. A perda, como um tema mais
abrangente, entrelaça muitos aspectos da vida das pessoas neste momento
desafiador. O não atendimento das necessidades daqueles que sofreram uma perda significativa e que estão passando por sofrimento emocional pode resultar em problemas de saúde mental e física.
As perdas estão
associadas a eventos significativos, como morte e grandes mudanças na
vida. Indivíduos que perderam entes queridos podem enfrentar perdas que vão além do luto, como perda da liberdade de sair na rua, da intimidade sexual, de lazer e do seu papel social/familiar, por exemplo.
O distanciamento social minimiza a intimidade emocional e física, o que
resulta na dissolução de relacionamentos íntimos envolvendo parceiros,
familiares e amigos. De acordo com Zhai e Du, tais perdas podem trazer prejuízos de segurança financeira, independência, assistência médica e senso de futuro. Assim, as múltiplas perdas decorrentes da pandemia da COVID-19 são prejudiciais à saúde de forma integral.
O
luto é inevitável e multidimensional para indivíduos com perdas. O
processo de luto reflete uma convergência única de respostas (ajustes
afetivos, cognitivos, comportamentais, físicos, espirituais). Muitas
famílias sentirão tristeza ao ver seus entes queridos sofrendo e perdendo suas
vidas para a COVID-19, sendo proibidos, muitas vezes, de se despedirem
em vida ou em morte, por meio de visitas hospitalares ou do ritual de
funeral, o que pode prejudicar o processo de luto. Como resultado disso, alguns indivíduos correm maior risco de desenvolver o transtorno do luto prolongado durante a pandemia do coronavírus.
O conhecimento da natureza da perda e do luto é essencial para o desenvolvimento de estratégias personalizadas que possam ajudar os enlutados a se adaptarem neste momento desafiador. A
adaptação à perda deve ser preferida ao enfrentamento da perda. A
adaptação permite que os entristecidos se ajustem continuamente às
mudanças impostas pela crise. Ajudar os enlutados a entender e reconstruir crenças e expectativas interrompidas pela perda pode facilitar a reintegração consigo e com o mundo. Além disso, os autores apontam que identificar e desenvolver traços de resiliência, como autoeficácia e apoio social, ajudará os indivíduos a se adaptarem às perturbações que podem ocorrer no processo de luto. Portanto, é crucial ajudar os enlutados a reconhecer pontos fortes e habilidades para ampliar a resiliência individual.
A
perda e o sofrimento emergem como temas familiares na vida de muitos
indivíduos, famílias e comunidades em diferentes contextos e países que enfrentam a pandemia da COVID-19.
O reconhecimento da singularidade da perda e do sofrimento de cada
indivíduo fornecerá oportunidades para desenvolver estratégias
personalizadas que facilitam a adaptação funcional à perda e promovem a
saúde mental e o bem-estar nesta crise.
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