Manual de Diretrizes para Atenção Psicológica nos Hospitais em Tempos de Combate ao Covid-19
da Nova Sá-Serafim, R. C., Do Bú, E. A., & de Lima Nunes, A. V. (2020). Manual de diretrizes para atenção psicológica nos hospitais em tempos de combate ao COVID-19. Revista Saúde & Ciência Online, 8(2), 5-24. doi: 10.35572/rsc.v8i2.876.
Resenhado por Lizandra Soares
Frente à pandemia do COVID-19 e ao pouco conhecimento científico sobre essa doença, muito se tem feito nas pesquisas atuais a fim de entender o processo de propagação do vírus, bem como medidas de prevenção e proteção. Na psicologia, tem-se
buscado compreender como a mesma pode contribuir de maneira efetiva em
meio ao caos atual. Por essa razão, alguns materiais sobre a atuação e o
manejo para intervenção em momentos de crise e catástrofes, a exemplo
do Manual de Diretrizes para Atuação Psicológica nos Hospitais em Tempos
de Combate ao COVID-19, vêm sendo criados. Este, a exemplo, apresenta algumas orientações de cuidado aos psicólogos nos hospitais, locais entendidos como uma das maiores fontes de risco de contágio, visto que é onde se concentram os casos confirmados.
Por atenção psicológica hospitalar entende-se o serviço de saúde mental destinado a acolher e matriciar os trabalhadores da saúde que estão na linha de frente do combate ao novo coronavírus. Esta medida está vinculada às estratégias de atuação da Psicologia da Saúde, a qual busca a proteção da saúde mental da equipe multidisciplinar que, no momento da pandemia, encontra-se exposta a riscos de adoecimento,
em virtude dos elevados níveis de estresse vivenciados. A rede de
atenção pode englobar também os familiares das pessoas hospitalizadas
que foram a óbito ou crianças hospitalizadas para tratamento do COVID-19
e as pessoas hospitalizadas não-diagnósticas com o COVID-19, sempre que houver indício de sofrimento psicológico por seu adoecimento, hospitalização e/ou tratamento.
No
Brasil, até o presente momento, não haviam sido criadas diretrizes para
a atuação do psicológico nos hospitais frente aos contaminados e os
estudos realizados com as normativas estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) mostraram-se problemáticos no contexto brasileiro. Por essa razão, diretivas adaptadas à realidade nacional foram testadas. Nas intervenções mais recentes foi observado que o desencorajamento da entrada dos profissionais de psicologia, psiquiatria e assistência social em enfermarias era uma medida efetiva, visto que não se trata de serviços essenciais aos pacientes diagnosticados com o COVID-19. A prestação de atenção psicológica deveria se voltar para as equipes médicas, de enfermagem e fisioterapia, priorizando-se os profissionais da linha de frente. No caso dos pacientes com diagnóstico comprovado, o atendimento online foi o mais indicado, tanto pelo risco de contágio quanto pela fragilidade respiratória do doente.
A
atuação do profissional de psicologia nos hospitais durante o presente
período pode ser justificada pelas reações psicológicas provocadas pela
pandemia do COVID-19 que englobam quadros reativos ao estresse e
agravamento de transtornos preexistentes. Em outras palavras, casos de ansiedade, angústia
e depressão podem ser desencadeados e potencializados frente a iminente
ameaça de contaminação e morte pelo vírus. Além disso, o medo, a
sensação de impotência, comportamentos de irritabilidade, inquietação,
preconceito, racismo e exclusão social foram identificados como as principais reações. No caso dos profissionais da saúde, a fadiga e
o estresse de sobrecarga são as reações mais esperadas. Em resumo, a
psicologia da saúde está sendo chamada a atuação para o tratamento,
prevenção e promoção da saúde em um momento mundialmente crítico, sendo
requisitada para auxiliar nos cuidados aos profissionais de saúde e pacientes.
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