Protocolos para Tratamento Psicológico em Pandemias

Zwielewski, G., Oltramari, G., Santos, A. R. S., Nicolazzi, E. M. D. S., De Moura, J. A., Schlindwein-Zanini, R.., & Cruz, R. M. (2020). Protocolos para Tratamento Psicológico em Pandemias: As demandas em saúde mental produzidas pela Covid-19. Debates in Psychiatry. 

Resenhado por Maria Clara 

Durante a pandemia da Covid-19, os governos, agências de saúde e instalações hospitalares revelaram-se despreparadas para aplacar os efeitos provocados pela pandemia. As medidas de isolamento e quarentena se mostraram mais eficazes para contenção do alastramento do vírus. Tédio, solidão, incertezas em relação ao futuro, sentimento de perda de liberdade, ataques de raiva, suicídio, além da suspensão dos rituais de luto, tornam a experiência de estar isolado desagradável, desconfortável e dolorosa. 
Embora os dados clínicos e epidemiológicos acerca da implicação COVID-19 na saúde mental ainda sejam recentes, o estresse psicológico que se associa a situações de crises e emergências não pode ser ignorado. Em estudo realizado com 1.210 pessoas na China, enquanto a pandemia assolava o país, observou-se que o impacto psicológico foi considerado de moderado a grave em mais de 50% da amostra de respondentes. Este dado revelou que pessoas infectadas pela COVID-19, seus familiares, equipes de saúde e pessoas afetadas pela pandemia necessitam de suporte psicológico. No entanto, a população estava sendo pouco amparada.  
Além da saúde, a pandemia afeta outras áreas da vida como fechamento de escolas, nova rotina com as crianças em casa, fechamento de empresas e locais públicos, mudanças no trabalho e reorganização familiar. Em contextos de crises sanitárias, profissionais de saúde são mobilizados para linha de frente, aumentando o risco de contaminação e letalidade. Devido a exposição ao vírus, eles apresentam gatilhos para o estresse, necessitando a adoção de medidas para redução da ansiedade, insônia, tristeza, mágoa, desamparo, depressão, frustração e culpa frente a morte de pacientes. 
Diante desse panorama faz-se necessário desenvolver protocolos específicos de atendimento psicológico emergencial, pois a literatura indica a existência de uma lacuna. Há evidências que a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) auxilia na compreensão do processo de disseminação de doenças de alta contágio, suas repercussões na saúde e no comportamento pessoal, culminando então na diminuição da ansiedade, medo e demais sentimentos desagradáveis causados pela quarentena e isolamento. Ademais, o desenvolvimento de canais de comunicação exclusivos para atualização acerca das características e os impactos da pandemia evitam o compartilhamento de notícias falsas. A qualidade das informações recebidas relaciona-se com menor impacto psicológico da pandemia, níveis reduzidos de ansiedade e depressão. 

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