Crenças sobre influenza e evitação de imunização gratuita em pessoas com doenças crônicas

 

Arsenović, S., Trajković, G., Pekmezović, T., & Gazibara, T. (2022). Beliefs about influenza and avoidance of free influenza immunization among people with chronic diseases. Health Psychology, 41(7), 455–462. https://doi.org/10.1037/hea0001176

 

Resenha por Luiz Guilherme Lima-Silva.

 

            Pessoas com doenças crônicas apresentam maior risco de complicações em saúde, sobretudo quando infectadas com o vírus da influenza. A imunização diminui o risco de mortalidade quando comparado a pessoas que não aderiram a esse tipo de prevenção, sendo que tal achado foi mais proeminente em pessoas com doenças crônicas. A política de imunização varia conforme o país e a sua política de saúde, sendo que algumas das principais formas de conhecimento acerca da imunização são a recomendação feita por profissionais de saúde, como enfermeiros e médicos, assim como a veiculação de campanhas por meios de comunicação. Para melhor compreensão das dimensões psicológicas acerca da imunização, o modelo de crenças em saúde aborda alguns fatores que influenciam a tomada de decisão em comportamentos relativos à saúde. O modelo é composto de quatro fatores, que são a susceptibilidade e gravidade percebidas, e os benefícios e barreiras percebidos. Assim, o estudo objetivou examinar a associação entre as dimensões do modelo e a recusa da imunização contra influenza.

Participaram do estudo apenas indivíduos com doenças crônicas, sendo que 146 pessoas não se vacinaram contra a influenza e 149 pessoas completaram o esquema vacinal contra influenza. O questionário continha perguntas acerca de características sociodemográficas e o instrumento do Modelo de Crenças em Saúde Aplicado à Influenza (MCSAI), contendo 45 itens classificados em 7 domínios.

            A maioria dos participantes apresentaram diabetes mellitus (n = 123). Não foram encontradas diferenças entre pessoas vacinadas e não vacinadas. Pessoas mais velhas, com menor nível de escolaridade e poder aquisitivo foram as que mais se vacinaram na campanha anterior. Os participantes vacinados pontuaram mais alto nos escores de gravidade percebida e benefícios percebidos, ao passo que o escore de obstáculos percebidos foi baixo. Nos modelos de regressão logística, aqueles que pontuaram mais baixo em gravidade percebida, benefícios e obstáculos percebidos apresentaram menor probabilidade de receber imunização contra influenza. Ademais, notou-se que ser mais jovem e não ter recebido recomendações de um profissional de saúde foram associados à falta de imunização na última campanha vacinal.

            O trabalho do psicólogo da saúde em campanhas de vacinação, a exemplo da influenza, pode auxiliar a aumentar a taxa de adesão a essa medida preventiva, sobretudo em pessoas com doenças crônicas. Para isso, é importante que o profissional tenha conhecimento acerca do modelo de crenças em saúde e seus fatores, bem como as características da população alvo, como quem são as pessoas mais prováveis em não aderir à vacinação e quais os motivos que as influenciam a tomar tais decisões. Ressalta-se, ainda, que existem outros modelos de tomada de decisões em saúde que podem complementar as intervenções dos psicólogos da saúde na adesão de comportamentos preventivos.

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