Intervenção de autolesão para crianças e adolescentes
Witt, K.G., Hetrick, S.E., Rajaram, G., Hazell, P.,
Taylor Salisbury, T.L., Townsend, E., & Hawton, K. (2021) Interventions for
self-harm in children and adolescents. Cochrane Database of Systematic
Reviews. 7(3). https://doi.org/10.1002/14651858
Resenhado
por Jucimara Ramos
A autolesão é um conjunto de
comportamentos danosos a si próprio, a exemplo do autoenvenenamento,
queimaduras, cortes, mordidas e puxões de cabelo. A automutilação, por muito
tempo, foi entendida como causa de suicídio, entretanto, nem sempre há essa
intenção de pôr fim à própria vida. A pesquisa buscou trazer dados sobre as
intervenções analisadas, a fim de contribuir com por meio da reunião de
informações sobre a eficácia dos tratamentos. Este estudo avaliou de
intervenções psicossociais, de fármacos, produtos naturais e outros em relação
a diferentes tratamentos (placebo, psicoterápico, farmacológico alternativo e
outros) em crianças e adolescentes até 18 anos que se
automutilam.
Realizou-se uma revisão de literatura nas
bases de dados MEDLINE, Ovid Embase, PsycINFO, assim como Cochrane
Common Mental Disorders Specialized Register, Cochrane Library e Cochrane
Database of Systematic Reviews. Estudos clínicos randomizados foram
incluídos, independentemente do idioma. O público foi formado por crianças e
adolescentes, até 18 anos de ambos os sexos e diversas etnias que tenham tido
um episódio recente. A autolesão sem intenção suicida e a automutilação suicida
não foram distinguidas por não apresentar confiabilidade na distinção para o
estudo. Houve a exclusão dos estudos de participantes hospitalizados com
ideação suicida.
Dentre as intervenções psicológicas analisadas,
esteve a Terapia Cognitivo-Comportamental, Terapia Comportamental Dialética
(DBT), terapia de mentalização, psicoterapia grupal, abordagens de avaliação
aprimoradas, abordagens de aprimoramento da conformidade, intervenções
familiares e de contato remoto. Essas estratégias foram comparadas às
intervenções farmacológicas: antidepressivos, antipsicóticos, ansiolíticos,
estabilizadores de humor, outros agentes e produtos naturais.
Foram encontrados 7.186 ensaios
registrados. Quando retiradas as duplicações, ficaram 4.676 estudos, dos quais
4.454 foram excluídos após triagem do título e resumo. Outros 157 foram
deletados depois de uma revisão no texto completo. Restaram 23 estudos na
amostra final da revisão. Quanto aos resultados, percebeu-se que o desfecho
primário de todos os ensaios era a repetição do comportamento autolesivo.
Na pesquisa, 87,6% das participantes eram
do sexo feminino e a prevalência de idade foi de 14,7 anos. Foram encontrados diagnósticos
psiquiátricos em todos os artigos, a saber: depressão maior, transtornos de ansiedade,
transtornos de humor, transtornos por uso de substâncias psicoativas e
transtorno bipolar. Os ensaios mostraram que a Terapia Comportamental Dialética
apresentou menores frequências de comportamentos autolesivos, em 30% dos casos,
quando comparada à psicoterapia alternativa, com 43%. As outras intervenções
tiveram pouca ou nenhuma evidência comprovada. Não houve pesquisas
psicofarmacológicas encontradas com esse público.
Os autores sinalizaram a necessidade de
mais pesquisas sobre a Terapia Comportamental Dialética, já que essa foi a
abordagem que mais apresentou eficácia, com a menor taxa de comportamento
autolesivo e com maior benefício geral. Ademais, foi identificada a melhora em
relação a desesperança no pós-intervenção, além da redução de sintomas
depressivos. Em suma, a autolesão se configura com um problema de saúde
pública, primordialmente na adolescência e com esta pesquisa foi possível identificar
que a intervenção baseada na DBT pode beneficiar a práxis dos profissionais de saúde na adesão ao tratamento.
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