Hesitação em relação às vacinas e controle comportamental percebido: uma meta-análise

 

Xiao, X., & Wong, R. M. (2020). Vaccine hesitancy and perceived behavioral control: A meta-analysis. Vaccine38(33), 5131–5138. https://doi.org/10.1016/j.vaccine.2020.04.076

 

Resenhado por Matheus Macena

 

A Organização Mundial da Saúde reconhece que a hesitação em relação às vacinas é uma das principais ameaças à saúde pública. Para abordar a hesitação em relação às vacinas, o presente estudo sintetizou os efeitos resumidos da atitude, normas e controle comportamental percebido nas intenções de vacinação. Grande parte da pesquisa anterior no tema buscou abordar a hesitação em relação às vacinas examinando os fatores que contribuem positivamente para as intenções de vacinação, crenças e intenções quanto a vacinação.

Na meta-análise foram incluídos 17 artigos, reduzidos de 5149 publicações, selecionados a partir de cinco bancos de dados eletrônicos com descritores específicos sobre o tema. Integraram a amostra final estudos revisados por pares e com resultados comunicados em inglês, estudos que examinaram intenções e/ou comportamentos relacionados com vacinação humana, com tamanho de amostra mínimo de 30 pessoas, estudos que incluíram medidas globais da Teoria do Comportamento Planejado (TPB) (atitude, normas e controle comportamental percebido), uma relação bivariada entre os construtos TPB e intenção tinha de ser identificada no estudo ou com os autores. Estudos transversais e prospectivos foram elegíveis mediante cumprimento dos critérios e estudos experimentais também foram considerados elegíveis para inclusão, caso todos os construtos de TPB fossem quantificados e relatados anterior a intervenção/experimento.

Foram documentadas as seguintes características dos estudos: autores (s), ano de publicação, país, e informação de amostra (por ex., tamanho da amostra e idade média). Foram sugeridas três variáveis como possíveis moderadores na previsão comportamental da vacinação, incluindo o género, tipo de vacinação (por ex., Hepatite A vs. HPV) e tipo de destinatário (por ex., self vs. outros). Além disso, três características específicas do modelo foram também consideradas como moderadores: a utilização de investigação de elicitação formativa, tipo de medidas de controle comportamental percebido e tipo de medidas normativas.

Nos resultados, viu-se que, notavelmente, um grande número de estudos empregou teorias comportamentais, em particular a Teoria da Ação Racional (TRA) e a Teoria do Comportamento Planejado (TPB). Evidências da literatura, consistentemente, apontam para a TRA e TPB como responsáveis por até 60% da variância sobre intenções, 40% da variância sobre múltiplos comportamentos de saúde e a validade preditiva de ambos os modelos foi reforçada por diferentes meta-análises. Embora pesquisas tenham demonstrado a eficácia desses dois frameworks teóricos, também foi documentado resultados mistos em relação à validade preditiva de um componente central na TPB – o controle comportamental percebido, que também é uma adição importante à TRA.

            O estudou apontou que a atitude, normas e controle comportamental percebido apareceram como preditores significativos das intenções de vacinação nas análises, sendo a atitude o mais forte. O tipo de destinatário (self vs outros) moderou significativamente a relação PBC-intenção, ao passo que as correlações entre norma-intenção foram moderadas significativamente pelo tipo de medida de norma. Também foi investigada uma pesquisa de elicitação de crenças formativas, mas ela não apresentou influências moderadoras. Os achados demonstram um claro apoio para a utilidade da teoria do comportamento planejado na explicação da hesitação em relação às vacinas.

Por fim, os resultados do estudo corroboram o uso dos construtos como base para intervenções voltadas a motivação para vacinação constitui boa prática cientifica. A psicologia da saúde tem como papel investigar intervenções que podem mudar esses construtos para motivar a vacinação, assim identificando focos para ação e áreas de interesse.

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