Homens que se automutilam: uma revisão de escopo de um fenômeno complexo

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Tofthagen, R., Haugerud, L.-M.., Gabrielsson, S., Lindgren, B.-M., Fagerström, L. (2022). Men who self-harm: A scoping review of a complex phenomenon. Journal of Advanced Nursing, 78(5).  https://doi.org/10.1111/jan.15132

 

A autolesão se refere aos comportamentos donosos ao próprio corpo, tida como estratégia de lida desadaptativa para vivências de sofrimento. A autolesão se configura como um problema de saúde pública por acometer milhares de pessoas no mundo, e com o público masculino pode ter um caráter crescente e subnotificado. Por essa razão, a pesquisa buscou trazer informações para a prática clínica, promover pesquisas nessa temática, para isso, fez-se necessário o mapeamento e identificação das lacunas na literatura existente. O estudo buscou discutir o fenômeno da autolesão em homens, a fim de conhecer quais os principais meios autolesivos, obter algumas explicações e vislumbrar práticas interventivas.

Foi feita uma revisão de escopo com a base metodológica de Arksey e O’Malley, na qual se propôs uma captação abrangente em relação aos estudos e revisões publicadas. Foram encontradas 684 pesquisas nos bancos de dados CINAHL, Medline, PsycINFO. A PRISMA-ScR serviu como diretriz da pesquisa. Dentre os achados, 24 artigos atenderam aos seguintes critérios de inclusão: texto completo e em língua inglesa. Os estudos analisaram homens de 18 a 65 anos e as publicações foram de 2010 a 2019.

Dos 24 estudos que atenderam os critérios de inclusão da pesquisa e eram dos Estados Unidos (9), Reino Unido (8), Itália (2), Turquia (2), Canadá (1), Grécia (1), Espanha (1). Os transtornos mentais identificados e relacionados à autolesão, em sua maioria, possuíram a predisposição do uso de drogas psicoativas. Dentre os transtornos, foram encontrados nas pesquisas: a depressão, a esquizofrenia, transtorno de personalidade limítrofe, psicose, transtornos alimentares, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, transtorno de estresse pós-traumático, transtorno disfórico de gênero, dentre outros.

A automutilação por homens foi relacionada a outros transtornos mentais, a regulação emocional, perda de autocontrole e como forma de comunicação. Apesar dos achados mostrarem que as mulheres têm mais propensão à automutilação que os homens, eles também exercem esse comportamento, assim como possuem mais controle na autolesão não suicida que as mulheres. Geralmente, eles utilizam como métodos para a automutilação: objetos pontiagudos, injeção, ingestão de medicamento, muitas vezes sem ajuda e apresentando um comportamento de risco. Poucos foram os casos que receberam intervenções terapêuticas, segundo os artigos consultados.

Ao longo dos anos, a automutilação tem se tornado mais frequente, os cortes têm sido mais profundos, assim como perigosos. Como o estudo buscou trazer explicações sobre a autolesão masculina nas idades supracitadas, foram identificadas algumas hipóteses, tais como: a impulsividade, as emoções ambíguas, ouvir vozes solicitando o comportamento autolesivo e pensamentos delirantes, assim como a expressão de ódio a si próprio, autopunição como controle, dentre outros.

            Nos estudos analisados pela pesquisa, poucas foram as intervenções mencionadas. Apenas uma indicou a Terapia Comportamental Dialética para pacientes com o quadro psicopatológico borderline. Assim, este artigo se mostra bastante representativo para a Psicologia da Saúde, além de trazer dados sobre a autolesão no público masculino e, ainda, possibilita discutir sobre as intervenções. Essa é uma possibilidade de pesquisa e exploração de intervenção por essa área da Psicologia, vislumbrando as especificidades psicopatológicas dos casos e analisando as intervenções que possuem maior eficácia comprovada.  

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