O processo de adaptação e desempenho ocupacional de mães de crianças no transtorno do espectro autista
Roiz, R.
G., & Figueiredo, M. D. O. (2023). O processo de adaptação e desempenho
ocupacional de mães de crianças no transtorno do espectro autista.
Cadernos Brasileiros de Terapia
Ocupacional, 31.
https://doi.org/10.1590/2526-8910.ctoAO252633041.
Resenhado por Luíza Ramos
O
TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento, com prejuízos na comunicação e
interação social, interesses restritos e comportamentos estereotipados. A
adaptação de mães e pais aos filhos com esse transtorno é um processo que pode
impactar o desempenho ocupacional em razão dos cuidados demandados, que podem
dificultar a realização das suas ocupações pessoais. O objetivo do texto foi
investigar a adaptação e o desempenho ocupacional das mães de filhos com TEA.
Realizou-se um estudo
descritivo e transversal de abordagem quanti-qualitativa. A amostra contou com
11 mães de filhos no TEA com idade entre 2 e 9 anos. Os instrumentos utilizados
foram um questionário sociodemográfico, a Escala Parental de Adaptação à
Deficiência (EPAD) e a Medida Canadense de Desempenho Ocupacional (COPM).
Os resultados
indicaram que as mães estavam adaptadas a seus filhos, entretanto, avaliaram a
presença de problemas funcionais para o desempenho ocupacional após o nascimento
desses filhos. Vários fatores estiveram associados a essa adaptação parental, a
saber: características dos filhos, manifestações sintomatológicas, maneira como
o diagnóstico foi transmitido, nível de escolaridade e condições
socioeconômicas, fontes de informação e resiliência parental, além de crenças e
expectativas das mães. Os dados mostraram que as mães superaram a crise inicial
marcada por sentimentos depressivos, de culpa e revolta, através de recursos
pessoais.
Foram
referidos pelas mães problemas funcionais na categoria produtividade,
especificamente no desempenho do trabalho em razão das demandas de cuidados com
o filho. Algumas pararam de trabalhar, outras desenvolveram algum tipo de
trabalho com renda dentro de casa e poucas conseguiram trabalhar fora, porém
com níveis baixos de satisfação. Outras categorias com resultados
significativos foram autocuidado e lazer, em que as mães relataram problemas
para realizar leituras, atividades físicas, viagens, ir ao salão de beleza e
tomar banho, devido à prioridade de tempo e dinheiro para as demandas do filho.
Em
suma, nota-se a importância da investigação acerca da adaptação das mães de
crianças autistas, com o objetivo de entender a realidade vivenciada por essa
população específica. Isso contribuirá para o desenvolvimento de intervenções e
estratégias para promoção de saúde e prevenção de doenças em decorrência do
estresse, objetivando maiores níveis de bem-estar e satisfação.
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