Uma revisão sistemática de intervenções para melhorar a adesão de gestantes à vacina da coqueluche
Resenhado por Susana Santana
Mohammed, H., McMillan, M.,
Roberts, C. T., & Marshall, H. S. (2019). A systematic review of
interventions to improve uptake of pertussis vaccination in pregnancy. PLOS
ONE 14(3), 1-14. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0214538
A
adesão à vacinação é um comportamento de saúde que tem bastante influência na
diminuição de doenças. Algumas delas, como é o caso da coqueluche infantil, têm
graves desfechos em saúde. A ocorrência dessa doença em bebês jovens acarreta
no aumento de hospitalização e óbito, principalmente, em bebês com menos de 2
meses de vida. Nessa idade ainda não é recomendada a vacinação do recém-nascido
e, em geral, a infecção por coqueluche ocorre, principalmente, no contexto
doméstico, sendo as mães as principais fontes de transmissão. Por isso, uma
estratégia eficiente no controle dessa doença é a imunização das mães durante a
gestação.
A
vacinação contra coqueluche durante a gravidez, mesmo que seja aplicada sete
dias antes do parto, pode prevenir até 91% dos casos da doença em bebês com
idade inferior a três meses. A imunização das gestantes protege os bebês
através da transferência passiva e ativa dos anticorpos maternos, que propiciam
a defesa imunológica do bebê até o início da série de imunização primária, que
ocorre entre seis e oito semanas de idade. Apesar da recomendação internacional
de organizações de saúde de que ocorra a vacinação de gestantes contra a
coqueluche, a aceitação da vacina por esse grupo ainda está abaixo do que é
esperado.
O
estudo em questão realizou uma revisão sistemática com o objetivo de sintetizar
as evidências disponíveis sobre a eficácia das intervenções utilizadas para
melhorar a adesão de gestantes à vacina contra a coqueluche. Seis estudos foram
incluídos na revisão e as principais estratégias para melhorar os índices de
vacinação estavam focalizadas em profissionais de saúde, em gestantes, ou na melhoria
do acesso às vacinas. As intervenções com profissionais de saúde incluíram
atividades como lembretes sobre as vacinas e educação sobre o tema, e as
intervenções dirigidas às gestantes se concentraram exclusivamente na educação
sobre o tema. Em relação aos resultados, observou-se que nos estudos em que
houve a participação de parteiras nas iniciativas de vacinação contra
coqueluche, nos locais de pré-natal, a adesão das gestantes à vacina aumentou
de 20% para 90%. Além disso, nas intervenções que envolviam a sistematização de
um lembrete automatizado no registro médico eletrônico, houve uma melhora na
taxa de imunização de 48% para 97%. Também houve aumento na aceitação da vacina
durante o pré-natal, de 36% para 61%, nas intervenções que envolveram a
educação dos profissionais sobre o tema. As intervenções experimentais que se
basearam apenas na educação de gestantes não demonstraram melhor adesão à
vacina.
Conclui-se
que é preciso incluir a vacina contra coqueluche como cuidado padrão no
acompanhamento pré-natal. A utilização de sistemas de lembrete para os
profissionais de saúde, a incorporação de parteiras em programas de vacinação
materna e a educação de gestantes sobre a importância da vacinação, de forma
conjugada, são as melhores evidências para a imunização das mães e a
consequente proteção dos bebês recém-nascidos contra a coqueluche. Diante
disso, vê-se a importância dos estudos de Psicologia da Saúde na investigação
do impacto de fatores psicossociais na adesão de comportamentos positivos de
saúde, como a prática preventiva da vacinação.
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