Adaptação e validação da escala de medo da Covid-19
Faro, A., Silva, L.S., Santos, D. N., &
Feitosa, A. L. B. (2020). Adaptação e validação da Escala de Medo da COVID-19.
https://doi.org/10.1590/1982-0275202239e200121
Resenhado
Por José Wilton
O medo é
considerado um estado emocional desagradável e desencadeado por impulsos
ameaçadores, sendo uma emoção adaptativa que visa mobilizar energias para lidar
com situações adversas. O medo foi muito comum durante a pandemia da Covid-19,
o que acarretou maiores níveis de estresse, menor satisfação com a vida e
bem-estar mental afetado. Assim, a validação de uma escala de medo no contexto
brasileiro é algo importante para estudos futuros, visto que a falta de
instrumentos psicométricos apropriados para os cuidados necessários a serem
abordados. O objetivo deste estudo foi adaptar e validar a Escala de Medo
da Covid-19 (FCV-19S) para um contexto brasileiro, além de reunir evidências
que atestem sua validade no Brasil.
A pesquisa
avaliou 1.000 adultos, com idade média de 30,9 anos (DP=12,06), de todas as
regiões do Brasil, porém com predominância na região nordeste (58,1%). As
informações foram coletadas por meio de um questionário online. A FCV-19S
contém sete itens utilizando respostas do tipo Likert que variam
de 1 (discordo totalmente) até 5 (concordo totalmente). O instrumento foi
traduzido e atestado por juízes especialistas, que consideraram adequados os
itens e a escala de resposta. Para fins de análise e validade, a Escala de
Estresse Percebido (PSS-10) foi utilizada com o intuito de validade
concorrente, já que o medo e o estresse tendem a ser emoções associadas.
Os resultados
apresentados mostraram que a média da amostra foi de 22,2 (DP=5,78), as
pontuações tiveram máximo de 35 e mínimo de 7 pontos. No estudo original o alfa
Cronbach foi de 0,82 e na validação para português brasileiro obteve-se um alfa
de 0,90, considerado excelente. A análise fatorial confirmatória (CFA)
confirmou a unidimensionalidade da escala e apresentou índices com valores adequados
[CFI (0,986), GFI (0,992), TLI (0,980), RMSEA (0,66) e SRMR (0,060)]. Ademais,
foram divididos os dados em 3 diferentes grupos, a saber: medo leve, que variou
de 7 a 19 pontos; medo moderado, com pontuação entre 20 e 26; e medo intenso,
que foi classificado a partir de 27 pontos. Observou-se que a maioria dos
participantes apresentou medo moderado 38,8%, seguido de medo leve 31,8% e
29,4% de medo intenso. Assim, com os pontos de corte foi possível classificar a
severidade do medo na população, bem como estabelecer grupos potencialmente
mais vulneráveis aos efeitos nocivos do medo exacerbado.
Em resumo,
entende-se como importante a adaptação e validação da escala em um contexto
brasileiro para fins de elaboração de pesquisas futuras que visem a avaliar o
medo da Covid-19 no Brasil. A elaboração dos pontos de cortes também foi
benéfica, sendo que isso contribui para mensurar a gravidade desta emoção na
sociedade. Diante disso, vê-se a importância da atuação da psicologia da saúde
em pesquisas como esta, que têm em vista a elaboração e adaptação de
instrumentos. Escalas como FCV-19S fornecem informações úteis para a elaboração
de estratégias que proporcionem melhorias no bem-estar e qualidade de vida da
comunidade.
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