Terapia cognitivo-comportamental no manejo da desesperança e pensamentos suicidas

 

Marback, R. F., & Pelisoli, C. (2014). Terapia cognitivo-comportamental no manejo da desesperança e pensamentos suicidas. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas10(2), 122-129. http://dx.doi.org/10.5935/1808-5687.20140018  

 

Dada a alta prevalência de suicídio no mundo, o trabalho teve como objetivo realizar uma revisão narrativa para identificar as contribuições da terapia cognitivo-comportamental (TCC) no manejo da desesperança e de pensamentos suicidas, buscando compreender a relação entre eles, identificar a tríade cognitiva relacionada ao problema e verificar estratégias da TCC no tratamento desses pacientes.

Discutiu-se, no texto, que o suicídio é uma das principais causas de morte no mundo. Dada a sua proporção e gravidade, é considerado um problema de saúde pública, tendo maior prevalência em homens do que em mulheres. Destacou-se a dificuldade para a obtenção de dados sobre os métodos lesivos mais utilizados para efetuar o suicídio, principalmente, em países em desenvolvimento. Isso aponta para a necessidade de mudanças nos sistemas de rastreio do suicídio nos países, a fim de gerarem dados mais robustos sobre como se dá esse fenômeno em cada local, haja vista que há peculiaridades devido a diferenças sociais, econômicas e culturais inerentes a cada região. 

 A desesperança foi apontada como intimamente relacionada a intenção suicida, sendo compreendida como uma crença pertinente a um esquema de suicídio. Isso ocorre porque indivíduos que apresentam crenças de desesperança tendem a prever o futuro sem expectativas, perder a motivação pela vida e acreditar, muitas das vezes, que o suicídio é a única forma para lidar com seus problemas sem solução. Portanto, essa variável se faz importante tanto no processo de mensuração como também alvo de modificação na intervenção.  

No contexto da tríade cognitiva, a desesperança foi referida como um dos domínios que a compõe e foi feita uma importante distinção do seus status de estado e traço. A desesperança como um estado pode ser ativada a qualquer momento, como por exemplo, em um momento anterior à tentativa de suicídio. Já a desesperança como traço é vista como expectativas negativas estáveis sobre o futuro. Quanto mais potente for o traço, menor número de adversidades é necessário para que aconteça uma crise suicida e a experiência de um estado de desesperança.

Com relação ao tratamento da TCC para pacientes com comportamento suicida, foi apresentado que ele é bastante semelhante ao realizado para pacientes com transtorno depressivo, ansiosos e outros. O foco é direcionado para os problemas de vida do indivíduo que estão atrelados com as crises suicidas, almejando a prevenção do suicídio, seja por meio de estratégias que modifiquem a ideação ou intenção suicida, ou que promovam esperança para o futuro. Algumas das técnicas que podem ser utilizadas são: treino de habilidades para resolução de problemas, identificação de razões para viver e promover esperança, ligação do paciente com suas redes sociais de apoio, incentivo ao paciente à busca pelos tratamentos psiquiátrico, e serviço social concomitante ao processo psicoterapêutico.

Por fim, as contribuições do psicólogo da saúde podem ser direcionadas para o desenvolvimento de estratégias de rastreio sensíveis aos múltiplos fatores relacionados ao comportamento suicida, bem como ações interventivas para a comunidade geral que trabalhem a prevenção eficaz desse tipo de comportamento autolesivo. Proporcionando, assim, maior qualidade de vida para população.

 

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