Gerenciamento cognitivo-comportamental do estresse: Prevenção e redução do burnout parental

 Urbanowicz, A. M., Shankland, R., Rance, J., Bennett, P., Leys, C., & Gauchet, A. (2023). Cognitive behavioral stress management for parents: Prevention and reduction of parental burnout. International Journal of Clinical and Health Psychology, 23(4), 100365. https://doi.org/10.1016/j.ijchp.2023.100365

 

Resenhado por Luiz Fernando de Andrade Melo

 

Burnout parental é uma síndrome caracterizada por exaustão emocional e física, com diminuição do senso de realização no papel de pai ou mãe e distanciamento dos filhos. A depender da severidade do burnout parental, pode haver aumento da ideação suicida, desregulação do sono e de comportamentos viciosos. Ademais, a síndrome também pode contribuir para conflitos familiares e comportamentos violentos diante dos filhos.

A terapia cognitivo-comportamental, a terapia de aceitação e compromisso, psicoeducação e mindfulness têm se mostrado como abordagens eficazes para tratar o burnout parental, na busca de reduzir o estresse. Entretanto, os estudos existentes são voltados para casos mais severos de burnout e há uma lacuna na literatura quanto a programas com papeis preventivos para a síndrome. Assim, esta pesquisa buscou avaliar a eficácia de um programa de gerenciamento cognitivo-comportamental do estresse em 8 sessões para redução da severidade do burnout parental, reduzindo o estresse e as ruminações e aumentando a regulação emocional.

Participaram do estudo 196 pais, com faixa etária média de 37,3 anos e com uma média de 2 filhos morando no mesmo lar. Para a pesquisa foram analisados dois grupos, sendo divididos entre os que participaram da intervenção do gerenciamento cognitivo-comportamental do estresse e os que estavam na lista de espera. Apesar disso, os grupos não foram separados randomicamente devido a questões éticas. Ambos responderam questionários em dois estágios diferentes, antes e depois do programa, sendo que os participantes da intervenção responderam também após três meses do final do tratamento.

Os questionários avaliaram a severidade do burnout parental, sintomas de estresse, ruminações, autobondade e regulação emocional. A Parental Burnout Assessment – BPA mediu a severidade do burnout parental por meio de uma escala de 23 itens em que sua pontuação se dividia em diferentes níveis: sem risco, risco baixo, risco moderado e risco severo. O estresse foi analisado por meio da Depression, Anxiety, Stress Scale – DASS-21, as ruminações por meio da Mini-Cambridge Exeter Repetitive Thought Scale – Mini-CERTS, a autobondade por meio da Unconditional Self-Kindness scale – USK. Por fim, a Profile of Emotional Competence scale – PEC mensurou as dimensões das competências emocionais. A análise de dados foi feita através de análises de covariância e testes t.

Os resultados do estudo demonstraram que, entre o primeiro e o segundo estágio do programa, houve redução das ruminações e dos níveis de estresse, bem como aumento da regulação emocional e dos níveis de autobondade. Além disso, houve redução significativa da severidade do burnout parental entre os pais que participaram da intervenção quando comparados com os pais da população geral. Outro aspecto encontrado foi que os resultados de regulação emocional continuaram mesmo após três do tratamento, demonstrando que os pais conseguem desenvolver suas habilidades de controle do estresse após a intervenção.

O estudo mostrou que programas que combinam gerenciamento cognitivo-comportamental do estresse são eficazes na redução do burnout parental. As habilidades aprendidas durante a intervenção são mantidas e ajudam os pais a lidar melhor com o estresse e as emoções do dia a dia, reduzindo a chance de ideação suicida associada ao burnout e melhorando a saúde dos indivíduos. Sendo assim, os resultados se tornam relevantes para a Psicologia da Saúde promover melhores intervenções para quadros semelhantes de burnout.

Nenhum comentário:

Tecnologia do Blogger.