Representações sociais sobre o autismo elaboradas por estudantes universitários

 Dias, C. C. V., Maciel, S. C., Silva, J. V. C. D., & Menezes, T. D. S. B. D. (2022). Representações sociais sobre o autismo elaboradas por estudantes universitários. Psico-USF, 26, 631-643. https://doi.org/10.1590/1413-82712021260403.

 

Resenhado por Luíza Ramos

 

            O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento de etiologia múltipla, cujas principais características se referem a alterações e comprometimentos na comunicação, na socialização e/ou no comportamento. Apesar dos avanços nos âmbitos de classificação nosológica, da saúde e das políticas públicas, ainda são vários os desafios enfrentados pelas pessoas autistas e seus familiares. Um desses desafios é o preconceito, alimentado pelo pouco conhecimento ou crenças distorcidas acerca do transtorno, o que produz exclusão e discriminação. Tendo em vista essa realidade, o estudo buscou conhecer a representação social do autismo, sob perspectiva da Teoria das Representações Sociais, uma vez que as representações possuem função de justificar e orientar condutas, atuando, assim, na construção da realidade social no que tange o autismo.

            Os dados foram coletados online, por meio de redes sociais. Participaram do estudo 206 universitários brasileiros. Os instrumentos utilizados foram um questionário sociodemográfico; a Técnica de Associação Livre de Palavras (TALP), que consistiu em solicitar aos participantes a evocação de cinco palavras que viessem à mente a partir do termo indutor “autismo”; além de questões dissertativas que versaram sobre o conceito e causalidade do autismo. Foram realizadas análises descritivas pelo SPSS e os dados da TALP foram analisados por meio do software IRAMUTEQ, já para a análise dos dados das questões dissertativas utilizou-se a Análise de Conteúdo Temático-Categorial de Bardin.

            Os resultados mostraram que as palavras evocadas primeiro e com maior frequência foram: criança, dificuldade, isolamento, doença e deficiência, representando, portanto, o núcleo central da representação social do autismo para os participantes do estudo. Observou-se a noção de que o autismo é uma doença ou deficiência que consiste em uma dificuldade que afeta a criança, cuja característica proeminente é o isolamento. Tal achado mostra como o preconceito está presente, uma vez que o isolamento tem papel central e pode levar à exclusão dessas pessoas. Outra consequência é a dificuldade de acompanhamento e apoio social na vida adulta, já que o transtorno é fortemente associado à infância.

            Em suma, o estudo traz contribuições acerca da necessidade de mudança das representações disseminadas socialmente, visto que corroboram com visões preconceituosas e superficiais a respeito do autismo. Além disso, possibilita reflexões e propagação de informações sobre o autismo, que podem ser úteis no desenvolvimento de estratégias para melhora na qualidade de vida das pessoas autistas, contribuindo com a promoção de saúde nessa população e aumentando o escopo da Psicologia da Saúde.

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