Intervenções psicoeducativas para pacientes com lúpus eritematoso sistêmico: uma revisão sistemática

09:02

 

de Oliveira Landivar, S. A., & Netto, T. M. (2022). Intervenções psicoeducativas para pacientes com lúpus eritematoso sistêmico: uma revisão sistemática. Cadernos da FUCAMP, 21(51), 92-109. http://orcid.org/0000-0003-2410-1183

 

Resenhado por Júlia Nunes

 

Lúpus é uma doença inflamatória autoimune, que pode afetar múltiplos órgãos e tecidos, como pele, articulações, rins e cérebro. A psicoeducação é um tipo de intervenção que relaciona técnicas psicológicas e pedagógicas para ensinar pacientes e cuidadores sobre uma patologia física e/ou psíquica. Nesse processo é comum ocorrer o esclarecimento de dúvidas e a correção de crenças distorcidas que possam estar atrapalhando o tratamento. A premissa básica da psicoeducação é aumentar o conhecimento e o tempo de remissão da doença, facilitando a aderência à terapêutica medicamentosa, amenizando fatores estressantes e melhorando a resolução de problemas dos pacientes.

A intervenção psicoeducativa permite múltiplas possibilidades e pode ser realizada através de manuais de orientação, cartilhas, imagens explicativas, textos, slides e recursos audiovisuais. Para pacientes com Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), entende-se que a psicoeducação é uma técnica que pode beneficiá-los, visto que ela pode ampliar seu autoconhecimento, atuar no manejo de estresse e proporcionar um entendimento mais aprofundado da patologia e dos tratamentos disponíveis para os pacientes.

Com objetivo de descrever os achados dos estudos que realizaram e avaliaram os efeitos de intervenções psicoeducativas em pacientes com LES, foi feita uma revisão sistemática da literatura a partir das seguintes bases de dados: Lilacs, SciELO e PubMed. Foram incluídos estudos entre os anos 2000 e 2021, nos idiomas inglês e português, tendo sido estudos randomizados ou não. Na primeira busca foram detectados 43 estudos, sendo que nenhum deles pertenciam à literatura nacional. Aplicados os critérios de inclusão e exclusão restaram apenas 5 estudos para análise na íntegra.

Verificou-se que a psicoeducação em quadros de LES proporcionou melhora significativa para depressão, saúde geral, enfrentamento da doença, autoeficácia, autoestima, senso de comunidade e disfunção social. No entanto, os resultados foram inconclusivos para lócus de controle, percepção social e apoio social. A maioria dos estudos concordaram com a importância da intervenção psicoeducativa na melhora dos fatores psicológicos e de saúde dos portadores do LES. Além disso, achados sugeriram pouca utilização da intervenção psicoeducativa para mulheres, pouca participação das pacientes em grupos terapêuticos, visto que a doença acarreta muitas limitações, o que pode dificultar desenhos randomizados controlados.

Em resumo, compreendeu-se que os estudos sugeriram resultados promissores no que se refere às intervenções psicoeducativas usadas como coadjuvante ao tratamento médico para pacientes com LES.  Esses achados são importantes para a psicologia da saúde visto que a produção de dados científicos como esse são necessários para orientar a pratica dos profissionais que atuam nos setores de atenção à saúde da população.   

Nenhum comentário:

Tecnologia do Blogger.