Depressão materna e implicações sobre o desenvolvimento infantil do autista
Sanini, C., de Brum, E. H. M., & Bosa, C.
A. (2010). Depressão materna e implicações sobre o desenvolvimento infantil do
autista. Journal of Human Growth and Development, 20(3),
809-815.
Resenhado
por José Wilton
A depressão materna se
inicia nos primeiros meses após o parto e pode se alongar por mais de um ano,
sendo definida como a presença recorrente de sintomas como choro, ansiedade,
confusão e instabilidade emocional. Quando os filhos destas mães têm um
desenvolvimento atípico, os sintomas são mais presentes, a exemplo do autismo, caracterizado
por uma dificuldade nas interações sociais, bem como atraso na comunicação da
fala e comportamentos restritivos e repetitivos. Os
autores também apresentam a questão dos maiores níveis de estresse em seus
cuidadores, dificultando o desenvolvimento infantil da criança, tal como condições
aversivas para a mãe. Desta forma, o objetivo deste estudo foi retratar os
aspectos que implicam na depressão materna em mães de crianças autistas e
observar o impacto desse diagnóstico no desenvolvimento infantil.
Inicialmente, foram
usadas as bases de dados PsycINFO e SciELO. A revisão de literatura foi
realizada no período de 1999 a 2010. A seleção de textos aconteceu sendo
excluídos livros, capítulos de livros, teses e dissertações. Foram escolhidos
escritos em português, inglês e espanhol. Em outro momento classificaram os
artigos quanto ao tipo: revisão, estudo de caso ou estudo experimental, tanto
de natureza qualitativa, como quantitativa. Nenhum artigo foi encontrado no ano
de 2010, época de confecção deste estudo.
Os resultados apresentados
apontaram que as mães de crianças com desenvolvimento atípico possuíam mais
sentimento de tristeza, negação e frustração, visto que há uma perda do filho
imaginado por elas. O estresse dessas mães também está atrelado a uma sobrecarga social, psicológica
e financeira, sendo que tal sobrecarga foi relacionada aos cuidados, tarefas
peculiares e excesso de exigências, podendo ocasionar nos pais, em especial as
mães, maiores risco de desenvolver depressão. Ademais, a depressão materna tende
a dificultar e alterar a relação mãe-filho e acabar prejudicando o desenvolvimento da criança. A literatura também
apresentou uma comparação entre mães de crianças autistas e outras psicopatologias
com mães de crianças com desenvolvimento típico, tendo sido constatado que
cuidadores de crianças com atraso no desenvolvimento exibiam maior risco de
desenvolver depressão.
A saúde mental das mães
é de extrema importância, visto que isso pode afetar o desenvolvimento das
crianças e o convívio familiar. Diante disso, a psicologia da saúde tem um
papel significativo a frente de problemáticas como estas, uma vez que medidas
devem ser elaboradas e aplicadas, a exemplo de conduzir um aumento no apoio
social destas famílias, visto que esse suporte tende a diminuir os níveis de
depressão em cuidadores. Assim, será possível auxiliar e minimizar o impacto da
depressão materna no desenvolvimento de crianças autistas.
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