Estratégias de coping após o diagnóstico de anomalia fetal
Zhang, T., Chen, W.-T.,
He, Q., Li, Y., Peng, H., Xie, J., Hu, H., & Qin, C. (2023). Coping
strategies following the diagnosis of a fetal anomaly: A scoping review. Frontiers in Public Health, 11. https://doi.org/10.3389/fpubh.2023.1055562
Resenhado por Beatriz
Lima
A utilização de novas
tecnologias obstétricas tem impulsionado os diagnósticos de anomalia fetal. O
diagnóstico em conjunto com outros eventos estressantes, como a tomada de
decisão acerca do prosseguimento ou interrupção da gravidez, costumam
desencadear estresse e sofrimento mental nas mulheres. Além disso, também são
comuns sintomas de luto, os quais podem persistir por anos após a identificação
da gravidez com anomalia fetal. Coping ou
estratégia de enfrentamento pode ser
definido como esforços cognitivos e comportamentais para gerenciar demandas
consideradas desgastantes pelo indivíduo, como o diagnóstico citado. O coping desempenha um papel importante na
saúde mental, de modo que algumas estratégias de enfrentamento podem estar
associadas a menor sofrimento psicológico. Existem inúmeros tipos dessas
estratégias, as quais podem ser classificadas em diferentes categorias, como coping adaptativo e desadaptativo ou
focado no estressor ou na emoção. O tipo de enfrentamento utilizado em um
evento costuma ser determinado pela avaliação cognitiva do indivíduo e por
fatores situacionais, de modo que a eficácia do coping adotado e os seus impactos podem variar de acordo com a
situação. Dessa maneira, é possível que as mulheres utilizem estratégias de coping diferentes de outros eventos
estressantes após a descoberta da anomalia fetal durante a gravidez.
O presente estudo buscou
identificar as estratégias de enfrentamento utilizadas por gestantes após o
diagnóstico de anomalia fetal. Para isso, foi realizada uma revisão de escopo,
investigando a literatura existente acerca da temática. Esta pesquisa foi
realizada a partir do método Preferred
Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA) para
revisões de escopo. Foram incluídos 16 estudos, os quais apresentavam
metodologia quantitativa, qualitativa e mista. Foram adotados como critério de
exclusão estudos escritos em idiomas que não sejam inglês ou chinês e artigos
de revisão. Os estudos inseridos foram analisados consoante a metodologia de
revisão de escopo de Arksey e O’Malley. Além disso, a qualidade dos estudos
incluídos foi investigada por dois pesquisadores independentes com base no
protocolo do Joanna Briggs Institute
Critical Appraisal para análise de estudos transversais e pesquisas
qualitativas.
A partir da análise, foi
possível identificar 52 estratégias de enfrentamento utilizadas, como
aceitação, práticas religiosas, apoio emocional, enfrentamento ativo,
planejamento, resignação, evitação, resolução de problemas, ressignificação
positiva, autodistração, entre outras. Estas estratégias foram agrupadas
seguindo a interseção de dois elementos: engajamento x desengajamento e
controle primário x secundário. Não foi possível confirmar, com precisão, a
correlação entre o coping utilizado e
o sofrimento mental da gestante. Ainda, a ausência de um instrumento específico
para mensurar coping em mulheres após
o diagnóstico de anomalia fetal se mostrou uma importante lacuna literária a
ser sanada.
A partir desses achados, pode-se concluir que as mulheres podem
recorrer a diferentes estratégias de enfrentamento para manejar a descoberta de
anomalia fetal durante a gravidez. Assim, p
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