Avaliando os construtos do Modelo de Crenças em Saúde na adoção de comportamento preventivo em relação ao Papilomavírus Humano
Mohammadi, S., Rabiei, Z., Pajohideh, Z.
S., Barati, Z., Talebi, S. S., & Keramat, A. (2023). Evaluating the
Health Belief Model Constructs in Adopting the HPV Preventive Behavior. Journal
of Family & Reproductive Health, 17(1), 37-44. https://doi.org/10.18502/jfrh.v17i1.11975
Resenhado por Lucila Moraes
O Papilomavírus Humano
(HPV) é doença sexualmente transmissível (DST) por contato pele-a-pele e suas
manifestações mais graves variam desde verrugas genitais até câncer de vulva e
câncer de pênis. Apesar de não haver tratamento específico para HPV, a doença pode
ser prevenida por vacinação anterior ao contato sexual, uso de camisinha e
triagem. Somado a isto, o conhecimento das mulheres sobre exame colpocitologia
oncótica cervical (exame de Papanicolau) leva a diagnósticos e tratamentos
mais precoces, além de redução de complicações por infecção de HPV. A contaminação por HPV, bem como sua disseminação,
estão associadas a comportamentos de alto risco e falta de ações seguras em
saúde. Logo, identificar as variáveis determinadoras desses comportamentos e
entender o papel delas nas percepções em saúde contribui para delimitar
programas efetivos de intervenção.
Uma das teorias mais
usadas para explicar comportamentos em saúde é o Modelo de Crenças em Saúde
(MCS). Seu principal pressuposto é de que comportamentos preventivos de doenças
são influenciados por seis aspectos: percepção de benefícios da ação, barreiras
percebidas (p.ex., custo, tempo, esforço), gravidade percebida, suscetibilidade
percebida, estímulo para a ação (seja interno devido a dor, por. ex., ou externo,
por aconselhamento de familiares, p.ex.) e autoeficácia. Assim, o
presente estudo teve como objetivo analisar os construtos do MCS para prever os
comportamentos de saúde relacionados a infecção por HPV adotados por mulheres
no Irã. Participaram deste estudo 1000 mulheres, com as quais foi realizado um
questionário com 72 itens, dentre eles perguntas sociodemográficas, questões
sob conhecimento do HPV; além perguntas relativas a comportamentos protetivos
em saúde baseada no MCS como a autoeficácia (‘estou certa de que consigo
despender tempo em realizar o exame Papanicolau, mesmo estando ocupada?’),
suscetibilidade percebida (‘tenho risco em desenvolver verrugas genitais?), entre
outros.
Os resultados
mostraram que 88,2% das participantes percebiam a adoção de comportamento
preventivos em saúde como benéficos (p.ex., usar camisinha durante relação
sexual). No entanto, apenas 18,2% das participantes afirmaram usar
preservativos como método de contracepção. Os preservativos
femininos/masculinos são os únicos métodos de contracepção conhecidos por
prevenir a transmissão e infecção pelo HPV. Um dado relevante da pesquisa
ressaltou que as pontuações médias de comportamentos preventivos foram mais
altas nas mulheres que obtiveram algum registro de DSTs ou haviam realizado exame
de Papanicolau, possivelmente devido ao treinamento recebido durante a triagem
da doença e seu posterior processo de tratamento. Outro achado do estudo
apontou uma relação significativa entre adoção de comportamentos preventivos em
saúde com maior suscetibilidade percebida e maior autoeficácia entre a amostra.
Acerca da percepção de suscetibilidade em contrair a doença, as participantes
que se consideravam com maior risco de contrair HPV foram as mais prováveis de
se engajarem em comportamentos preventivos em saúde.
Por fim, o estudo se
faz relevante para o desenvolvimento e implementação de programas de promoções
de saúde relacionados a prevenção de infecção por HPV, pois auxilia a
identificar os determinantes de comportamentos protetores em saúde para a
construção de intervenções educativas eficazes. Os resultados apontaram que se
faz necessário um maior foco em intervenções relacionadas a percepção de
suscetibilidade à doença e autoeficácia, pois se mostraram como preditores de
comportamentos preventivos em saúde.
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