Prevalência de transtornos mentais comuns e uso de álcool e drogas entre agentes penitenciários

 

Lima, A. I. O., Dimenstein, M., Figueiró, R., Leite, J., & Dantas, C. (2019). Prevalência de transtornos mentais comuns e uso de álcool e drogas entre agentes penitenciários. Psicologia: Teoria e Pesquisa35. https://doi.org/10.1590/0102.3772e3555

                                                                                               Resenhado Por José Wilton

           

Os agentes penitenciários são frequentemente expostos a situações estressoras, como intimidações, agressões, ameaças, suspeitas de rebeliões que podem colocar sua integridade física em ameaça, além de síndromes de abstinência como álcool e outras drogas. Portanto, a categoria de agente penitenciário pode ser considerada estressante e arriscada, ampliando a chance de distúrbios físicos e psicológicos. Os transtornos mentais comuns é um conjunto de sintomas decorrentes de atividades estressoras desempenhadas no dia-a-dia que afetam a saúde mental do indivíduo. Assim, o objetivo deste estudo foi mapear a prevalência de transtornos mentais comuns e uso de álcool e drogas entre os agentes penitenciários do sistema prisional brasileiro.

A pesquisa avaliou 403 trabalhadores de ambos o sexo. Os critérios de exclusão foram a existência de condição médica ou psicológica que impossibilitaram a participação.  Foram selecionados 19 unidades prisionais, 12 penitenciárias, uma unidade de custódia e tratamento, uma penitenciária federal e cinco centros de detenção provisória. Como ferramenta, utilizaram os instrumentos Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20), ASSIST Alcohol, Smoking and Substance Involvement Screening Test e um questionário sociodemográfico com o intuito de compor o perfil dos agentes. A coleta de dados ocorreu entre os meses de outubro de 2014 e janeiro de 2015. As ferramentas foram aplicadas individualmente. Os dados foram analisados mediante o software SPSS (v.20) e por meio do teste qui-quadrado (x2) verificou a relação de dependência entre as variáveis contrastadas.

Os resultados apresentaram que a prevalência de transtornos mentais comuns foi de 23,57%. Percentual encontrado dentro da média de outros estudos realizados no Brasil. Os agentes que constataram maiores indicativos de TMC se encontram na unidade psiquiátrica de custódia e tratamento (43,75%), penitenciária estadual (46,51%) e na federal (36%). A prisão federal foi caracterizada como um trabalho “ócio intelectual” marcada pela rotina monótona, que tende a provocar sentimento vazio, frustração e ideação suicida. O hospital de custódia foi marcado pela falta de treinamento em lidar com a loucura. Já a instituição estadual apresentou os maiores níveis de TMC, marcada pelo intenso convívio carcerário, inúmeras visitas de advogados e familiares, escoltas até tribunais e fóruns. Indicando um grande degaste laboral. Vale ressaltar que uma parte dos agentes relatou dormir mal (40%), que o trabalho causa sofrimento (40%), que convivem com a sensação de nervoso, tenso e preocupado (43%), bem como mais da metade atingiu pontuações maiores em questões de humores depressivo, ansioso (59,55%).

Portanto, foi importante a elaboração desta pesquisa para entender a atual situação no quadro físico e mental dos agentes penitenciários, bem como compreender quais os fatores que mais contribui para os agravos em seus quadros psicológicos. Diante disso, vê-se a importância da atuação da psicologia da saúde frente a estudos como este, visto que o mesmo fornece informações úteis que podem contribuir com futuros novos estudos e a elaboração de estratégias de enfrentamento que proporcionem melhor qualidade de vida aos trabalhadores.

 

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